sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

NOSSO LAR



Conversava com um amigo sobre o progresso da humanidade e ele, por sua vez, já com a idade bastante avançada se mostrava desolado diante de tudo que viu e continua vendo ao longo de sua jornada. Enquanto eu falava da necessidade de se buscar o aprimoramente ele insitia em afirmar que nada mudará neste plano porquanto, segundo ele, o homem é vil e está eivado pela covardia, pelo interesse, pelo poder absoluto, pelo querer e pelo ter. Acredito que suas palavras nada mais são do que uma mostra do peso de seus anos, passados neste plano onde agora, sozinho e despojado do amor filial, caminha pelas ruas conversando com um e com outro tão somente para matar o tempo. O ser humano é fruto da centelha divina e, via de consequência ainda continua sendo parte dela e nesta linha de pensamento se tem que o progresso torna-se inevitável uma vez que antes pertencíamos a um outro plano e agora, como se pode ver, estamos aqui na terra à procura do emadurecimento do espírito. Existem outros planos, outras esferas e não é somente a crença que me leva a entender de tais existências, mas, sim a força interior que advém da necessidade de se buscar o aprimoramento de forma pacífica. As religiões existentes neste plano não são o fim sendo que se deve entender serem elas um meio para a transposição não nos deixando levar, todavia, pelo inconsciente coletivo forjado às custas do lado escuro, das sombras. O meu amigo, por outro lado, não obstante ser ele um iniciado já cansou e, provavelmente se vê esgotado em decorrência da grande jornada percorrida e, provavelmente por isso é que de seus lábios mina o fel mesmo que em pequenas proporções. E agora, creio que tanto eu como todos nós devemos nos ater na esperança como fonte de vida e, baseado nesta premissa é que devemos buscar a paz, a solidariedade levando até ao nosso próximo a boa palavra mesmo que ele não queira ouvir ou que esteja fingindo ouvir. Com isso, divagando, desejo que meus pensamentos de luz possam estar em cada canto de meu lar e, também, nos lares de todo ser humano a fim de que, mais tarde, possamos nos encontrar em dias melhores onde a humanidade, na realidade, será o sinônimo de pessoas, de seres que se amam tal qual se dá em Nosso Lar.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

SER TRISTE


Ao buscar o acerto acredito que necessariamente não é preciso errar, mas, sim admitir que não estamos sozinhos e que ao nosso lado existe um ser, como eu ou, até mesmo como você que esta lendo estas linhas. Creio ser necessário que o outro ser entenda do amor, da possibilidade de amar quem está próximo, de perdoar, de querer perdoar, de ser sensível à possibilidade de que o outro ser pode estar querendo acertar. É assim mesmo, o progresso não se dá quando estamos sozinhos uma vez que as possibilidades de erro e de acerto, em estando sozinho, do homem se diminuem o bastante para estagnarem a chama da vida. Disse antes que o ser humano não precisa necessariamente sofrer para se ver livre sendo certo, todavia, que o sofrimento, pelo que vejo, é inerente à vontade ou à capacidade de escolha. O sofrimento é como um ser vivo, latente, que caminha ao lado da humanidade espreitando o momento certo para ingressar na vida, pois, ao que parece depende ele, o sofrimento, do momento certo para sair de seu mundo de inércia. O momento certo, então, será aquele onde a incompreensão existe, o egoísmo supera a capacidade de doar e, sobretudo, será aquele onde o ser humano deixa de acreditar que é parte da centelha divina. Triste é então o momento seguinte, após a imposição do sofrimento pelo sofrimento e, triste será nos vermos querer mudar o momento passado, recolher a palavra dita, o gesto impensado e, sobretudo, triste é sabermos que não estamos sendo ouvidos e, se estamos, nossa voz nada representa ou representou. Daí vem a insegurança, momento seguinte da tristeza e, é este o pior momento onde a sobra da árvore da dúvida cobre nossa vida com seu manto sombrio. O que fazer? Deve o ser humano buscar no Ser Supremo a segurança perdida ou abalada? Esperar que a vida repare o momento ofuscado pelo egoísmo ou pela falta de amor ou, simplesmente perdoar e nos equipararmos ao Ser Supremo? Creio, pois, que a dor é vida, latente, que se encontra não no ser humano, mas, ao seu lado à espreita do momento para se fazer presente e, assim, eliminar a dor será o mesmo que eliminar a vida sendo que, penso eu, deve o ser humano conviver com a possibilidade de que encontrará, mais cedo ou mais tarde, a dor e, quando a encontrar deve se preparar para encontrar também a tristeza e, com isso não me conformo eis que para vivermos uma vida não precisamos ficar tristes ou sentir dor, precisamos sim amar mais, perdoar mais, acreditar mais e, sobretudo, entendermos que ao nosso lado habita não o sofrimento, mas, sim um ser que veio conosco para nos ajudar ou ser ajudado no caminho rumo ao final.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

COMPARTILHO


somos o que somos porque fomos antes ou, fumamos antes. não sei ao certo no momento, mas, certo é que amizade é como calça Lee, desbotada. A gente sempre usa ela, não importa o estado. Agora, falar da amizade é mais dificil do que falar de um desafeto eis que o desafeto, por ser desafeto, não tem qualidades que possamos defender, mas, amigo isso sim é coisa séria. Falar de um amigo é como a gente fosse falar da nossa mãe. Sim, daquela que é mãe mesmo e, como falar da mãe da gente sem encher a boca de orgulho, de estufar o peito e mostrar os dentes? Bem, amigo é amigo e não aquele cara que nos atende toda hora, que vive a servir ou até a pedir. Amigo é aquele que sabemos estar pronto para nos ouvir, para sentir conosco a dor compartilhando assim um momento cruel. Amigo então deveria se chamar de "compartilho", mas, na falta de minha presença ficou a definição deste ser divino como sendo então amigo. Sendo certo, como bem se sabe, que amigo é coisa de luxo, é o ultimo pedaço do bife, da ultima "garfada" no feijão com arroz e ovo frito. Amigo, melhor dizendo, compartilho não é aquele que nos dá o ombro para chorar, mas, sim aquele que fica triste depois da gente por não ter podido evitar a tragédia. E assim, fica aqui a foto não so de um amigo, mas de dois amigos e um é tão compartilho que na horinha virou o rosto, so para deixar o outro compartilho aparecer mais. Isso sim é amigo, ops, compartilho.

COISAS DA VIDA


Existem momentos onde o ser se deixa abater pelo cansaço em face da luta diária e, é neste momento que se livra da mazela que é a vida vivida. Bem, na verdade, diante da mais pura verdade temo que o sono é o preludio da morte como, alias, foi bem dito e, assim, o meu dileto amigo que aqui esta se deixa levar pelo limbo pelas mãos secas da gentil senhora. O semblante gera a lembrança de que se espera algo vindo sabe-se lá de onde e, o pensamento corre solto pelas vielas da escuridão que é a volta do sono. O que dizer, então, deste jovem guerreiro cujo repouso demonstra intensa batalha vivida dando-nos mostra de que se deu por vencido, não da batalha vivida, mas, sim em face do terror que é ficar acordado por horas e horas fazendo nada. Coisas da vida? creio que não, isso é coisa a toa.

O BAR



Foi assim, em um bar onde a historia veio surgindo, devagar e, na medida em que surgia as pessoas iam se aglomerando em volta da mesa. Mas, que historia era aquela onde o narrador não passava de um desconhecido, vindo sei la de onde e que, de uma forma estranha trazia consigo um carisma indiscutível. Falava ele de um tempo presente, de pessoas que não conhecia, mas, ao mesmo tempo, da forma que colocava as palavras ficava claro que os personagens se assemelhavam às pessoas que podíamos conhecer. Contava o narrador, entre um copo e outro de cerveja, que o ser humano, aquele que pessamos conhecer, busca através do sofrimento uma forma de se libertar sendo que, em primeiro plano o sofrimento é perseguido como se fosse uma forma de salvação como, se para se libertar, tivesse o homem de buscar na dor a recompensa pelos erros que cometeu, pelas omissões, por tudo que disse no ontem e no agora. Em segundo plano, a dor que advém do sofrimento não passa de um estado de consciência advindo da necessidade de se ter, de se poder, de querer ou de ter. Não fosse isso o progresso da humanidade seria bem diferente, ou seja, não fosse a necessidade do homem recompensar de alguma forma suas ações, a dor não estaria presente em nosso meio haja vista que os planos existentes se misturam, se confundem em um so plano e, em face da necessidade de sentir dor é que nossos olhos se tornam turvos em decorrência da bruma que nasce da intensa procura como se fosse a fumaça que deixa o corpo queimado, transformado em outro ser. Bem, como podem ver, o bar não é somente um bar.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Bem. chegou o fim do ano de 2007 e, na verdade novamente o tempo vem ao meu encontro. pretendia estabelecer o dia 31 como um marco para começar alguma coisa como, diga-se de passagem, pensei em fazer ao longo destes anos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O TEMPO II

ja não da para voltar e, mesmo que pudesse ainda assim penso que não voltaria. não voltaria porque em primeiro lugar o tempo que me resta ainda é uma incognita e, com isso tenho medo de, voltando, perder o que ainda me resta. mas, ao mesmo tempo diante deste abismo que é a vida ora vivida pouco o quase nada me faria então a voltar. dai, resolvi de plano não voltar. não voltarei. hoje estou sozinho e não sei se deixo me levar por mim mesmo uma vez que, se eu for estarei em minha propria companhia e isso, de uma certa forma, me assusta por conhecer-me será o mesmo que desvendar a cortina de um passado que, de boas lembranças, ainda alimento meu presente e, do amargo das desilusões não gostaria mais de sentir o gosto. bem, tudo aqui no agora parece maior e, logo agora que parei para ver-me ele, o tempo, não pretende me esperar e, então, voltar além de ser, naturalmente, um retrocesso, seria encontrar comigo mesmo e, daí, não quero me ver. é isso, vou com o tempo.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

VAIA

"Nestes tempos em que o inacreditável e o inesperado estripam nossa vida, levando o desalento a centenas de familias, resta-nos levar-mos em conta que, na verdade, apesar do dia a dia, do corre e corre, somos nada mais do que simples mortais a perambular por esta vida a qual, diga-se de passagem, não passa de uma pia entupida. Dorminos com o barulho grotesco do acidente da TAM enquanto nem ao menos nos recuperamos do outro acidente, com o avião da Gol. Acordamos com pessoas sendo filmadas chorando a perda de filhos, de amigos, de parentes proximos e choramos com eles. Acordamos então para a realiadade de que poderíamos ali estarmos e, como não estávamos, procuramos compensar a dor ou o medo com o suspiro de alívio levando em conta que até somos culpados por estarmos vivos. Mas, é assim mesmo. Agora as autoridades sairam à procura do culpado, irão falar em erro humano e, coitado do piloto e de seu co-piloto, pois, já que morreram podem até novamente serem sacrificados. Acontece que a verdade é bem outra e encontra-se estampada em um rosto sarcástico deste nosso amado Brasil, tão mal representado. O acidente é fruto, acreditem, da época em que vivemos em que o ser humano está relegado à uma condição de um menos que nada e, enquanto isso os que nos furtam, os que nos humilham ocupando cargos políticos de grande relevância ficam lá esperando que uma tragédia deste porte tire a atenção da cena por eles protoconizada. Não se pode permitir, portanto, que o descaso firmado pela Ministra do Turismo, o desrespeito pela ética levado em conta pelo Presidente do Senado e, pior, a surdez a mudez e a cegueira do Presidente da República passem ao largo. Se existe culpa destas ilustres figuras? É claro que não. Existem sim o dolo e em face disso é que fica aqui a minha mais calorosa vaia a todos eles, vaia esta que sai do fundo de minha alma."

domingo, 8 de julho de 2007

O TEMPO

Foi-se o tempo onde as cadeiras eram colocadas no passeio e, as pessoas lá estavam para conversarem, para esperarem os filhos voltarem das aulas. Foi-se o tempo onde o bonde parava para o menino sair da linha. Foi-se o tempo onde o pai esperava o filho de braços abertos. Foi-se o tempo onde se tomava guarapam e se chupava picolé de groselha.Foi-se o tempo onde se assistia o Nacional Kid. Foi-se o tempo onde se brincava de casinha. Foi-se o tempo onde se comprava calça Lee. Foi-se o tempo da matine. Foi-se o tempo onde se trocava revistas na filha do cinema. Foi-se o tempo do cinema. Foi-se o tempo do posso sentar com você?. Foi-se o tempo de se acreditar no papai noel. Foi-se o tempo. Assim, quando crescemos esquecemos de que a época mudou e a tecnologia ocupou o lugar daquilo que eram valores e, valores caros. O amor foi então banalizado e os sentimentos guardados na gaveta mais alta de nosso interior. Mas, o que importa é que ainda nos resta a lembrança do passado ainda não consumida pela pressa de estar em algum lugar para fazer alguma coisa. Com isso, posso dizer que em face de termos ainda lembrança somos ainda humanos e, passíveis então de sentir, como os outros animais, mas, com a diferença de que temos o livre arbítrio. Que possamos, então, buscarmos no passado a força para, não mudar o futuro, mas, sim construir um presente que possa ser a ponte para um mundo melhor.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

O ABISMO

Atualmente ficamos pasmos diante do tiroteio no Rio de Janeiro, da doméstica que levou a maior surra, do senador na corda bamba, do outro senador que dividiu o pão, dos deputados que estão processados, do judiciário que se esconde debaixo da toga, dos advogados que corrompem, das cuecas, dos aviões que não chegam, do presidente que é cego e surdo, da censura dos meios de comunicação, das indenizações escandalosas dos que deixaram de ser e mesmo assim receberam, da policia que se vê impotente diante da norma legal, dos defensores públicos que estão relegados a um nada, do ministério público que se arvora no poder absoluto de que está ali para reparar o mundo, da falta de assunto e, assim vamos levando esta nossa vida e, seríamos hipócritas se deixarmos aqui o entendimento de que nada podemos fazer. podemos sim fazer alguma coisa e este é o momento quando, então, iremos até nosso vizinho para deixar ali a boa palavra. ele, o vizinho, por sua vez tocará no coração de alguém e, assim por diante iremos mudando as coisas. agora, será impossível perdoar o descaso dos outros para conosco, da ignomínia que assola esta nossa terra que de santa cruz já foi há muito tempo. meu caro leitor, não importa que estejamos sendo manipulados como de fato estamos. importa sim que não venhamos a compartilhar da falsidade daqueles que nos manipulam uma vez que é certo que amanhã o sol irá nascer, mas, para nos outros a sua luz será um conforto e, para todos aqueles que estão por ai a nos ferir será a forma concreta de coloca-los no devido lugar eis que aqueles que estão na escuridão ali irão continuar; não na caverna, mas, sim no abismo negro da própria vida.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

MOMENTOS

Existem momentos nesta vida vivida onde, por mais que eu pense o contrário, são momentos advindos do passado, mas, não o passado recente e sim o passado que ficou em outra vida. as pessoas com as quais convivo, que me encaram na rua, que se aproximam com ou sem intenções são parte daquele tempo, esquecido por força do momento em que nasci. foi assim; quando nasci deixei de lado, ao longe, tudo que fui e passei a ser o que sou levando em conta que o passado também me gerou. caminho então por estradas envoltas por uma névoa a qual, por sua vez, encobre inclusive meu espírito gelando, por vezes, minha alma. assim, o frio que vai em mim nada mais é do que fruto de minha caminhada, dos meus encontros desencontrados, partícula de uma nada que se transforma em razão. foi assim, quando nasci trouxe comigo não a lembrança do que fui, mas, sim a chama do que serei agora, nesta vida. é certo, contudo, diante da jornada fiz amigos e conquistei alguns (ou muitos) inimigos os quais, por sua vez, por uns tempo pretendi que deixassem esta vida e, outro dia, achei por bem ajuda-los a viver, pois, nada pior do que estar aqui, nesta vida a viver. com isso, creio eu, ao estarem vivendo estou certo de que aprenderão com seus erros e desencontros e, quem sabe, se tornem até pessoas boas em outra vida levando em conta que nesta a escuridão já os encobriu. não importa, pois, se vão (meus inimigos) partir ou ficar uma vez que os tenho como figuras indiferentes, seres amorfos o quais, por sua vez, construíram em sua volta um nada. mas, minha jornada toma agora um certo sentido onde algumas respostas surgem e, com isso, estou a traçar novo caminho, sem névoa e aonde as pedras existem e não são simplesmente colocadas.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

ANTES E....

Existem momentos por esta vida que passamos onde, em uma fração de segundo muda-se radicalmente todos os nossos objetivos; nossos receios; a forma de sentir e, sobretudo, de doar. em um breve momento o antes separa-se do depois e, os valores adquiridos ao longo da existência são, de pronto, colocados à prova, ou seja, passamos a medir nossas atitudes em face de nossas necessidades e, assim, a brevidade do momento que antecede o depois pode ser o marco para a radical mudança de nossas vidas. o depois nunca nos deixa de parar de pensar qual o próximo passo a ser dado, os que antes nos cercavam passam ao largo como se olhassem para pessoas que antes não conheciam. tudo porque o momento que antecedeu o depois mudou a vida e, com ela caminhamos pela mudança afora. poderia até dizer que o momento nada mais é do que a fatalidade de se estar no lugar errado e na hora errada, de agir de forma típica quando, o certo seria deixar o momento passar, mas, não é possível prever o inevitável, desvendar o absoluto sentido da vida ou, até mesmo deixar de sentir para, não sentindo, deixar de encontrar o depois. assim é a vida. não, assim não é a vida uma vez que somos parte de um cenário divino, inquestionável e onde a luz é uma constante. diante, portanto, de tal premissa acredito que o depois pode ser evitado caso o ser humano acredite, ame e permita ser amado.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

ONTEM

O tempo, este inexorável aliado do fim, não me perdoa. as lembranças do passado são carregadas por ele de forma que, mesmo sem as querer, elas se fazem constantes como que querendo alimentar meu tempo presente. inegavelmente um paradoxo posso traçar entre o agora e o que ficou e, entre todas as coisas que senti nada mudou apesar das dores, dos ressentimentos, dos desencontros e, também do encontro que até hoje dura. o nada que mudou se refere não o que posso sentir, mas, sim ao que parte de meu interior; da forma de ver as coisas e, também de fazer alguma coisa. ontem, por exemplo, ainda não passou para quem não acredita que existe o amanhã e, viver no ontem ou o ontem nada mais é do que perpetuar a dor, pois, o ser humano é moldado pela dor enquanto que fora a dor, o que existe nada mais é do que momento de candura que cobre o ser estraçalhado com o fino manto do crêr em algo aplacando, desta forma, o sentimento de perda. Posso notar, então, que o tempo não anda sozinho estando com ele a dor, o medo e a esperança sendo que esta ultima, senhora que vem de muito tempo antes de qualquer sentimento, anda com seus companheiros para, desta forma fazer com que, mesmo sentindo ainda posso sonhar ou, até mesmo lembrar.

CILICIO

quero calçar-me de terra, quero ser a estrada marinha que prossegue depois do último caminho, assim disse Mia Couto, uma dos maiores poetas africanos. na verdade, prosseguir significa, ao meu sentir, continuar a jornada por este plano levando o que de resto conseguimos salvar de nossos relacionamentos; de nossos pensamentos; de nossas frustações e, sobretudo, de nosso querer. o passado, este cruel servo iníquo, serve de lastro para uma vazão maior do que fazemos na atualidade e, com isso, ao pensar que não iremos sofrer porque já sofremos, que não iremos chorar, porque nossas lagrimas secaram, somente nos colocamos diante daquilo que não é ser fruto de uma realidade divina, encapada pelo manto de uma carne que serve de cilicio para nosso espírito.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

E FOI ASSIM

e foi assim. não como eu esperava, mas, de uma certa forma penso que mesmo errado ou errando o melhor eu busquei e, provavelmente ai que ficou residindo o erro. na verdade, torna-se difícil lutar contra o inevitável sendo que diante do futuro incerto pouco posso fazer. certamente o tempo se encarregará de ajustar as coisas ao seu modo, não ao meu, pois, é certo que temo por errar mais e mais. o cansaço vem à tona e deita meu ser no emaranhado de minhas razões desconexas. se tenho medo? é claro que tenho eis que vejo-me sozinho, sem lado ou suporte para escorar minhas tristezas. não sei, na verdade, se acabou ou vai acabar e, somente posso, não lamentar, mas ficar triste, tão somente.

domingo, 22 de abril de 2007

O INFERNO

Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho certo. Ah, como é difícil descrevê-la! Aquela selva era tão selvagem, cruel, amarga, que a sua simples lembrança me traz de volta o medo. Creio que nem mesmo a morte poderia ser tão terrível. Mas, para que eu possa falar do bem que dali resultou, terei antes que falar de outras coisas, que do bem, passam longe...

sábado, 21 de abril de 2007

DIREITOS SOCIAIS

Os direitos sociais são uma das dimensões que os direitos fundamentais do homem podem assumir. Seu objetivo é concretizar melhores condições de vida ao povo e aos trabalhadores demarcando os princípios que viabilizarão a igualdade social e econômica, no que concerne à iguais oportunidades e efetivo exercício de direitos. A busca de seus fins, que se resumem na igualdade, considera as diferenças e erradica as carências que levam às largas distâncias entre os homens para normalizar situações e oferecer dignidade às condições de vida de todos, consoante a ética moral desenvolvida e aperfeiçoada por eles mesmos.
Cabe notar que, comumente, para facilitar a noção de direitos sociais, faz-se a sua distinção dos direitos às liberdades. Os direitos às liberdades têm um conteúdo negativo e correspondem à áreas que estão isentas das possíveis ingerências do Estado; este recebe a ordem de não-fazer para que tais prerrogativas, que oferecem autonomia aos homens, possam existir.
Por sua vez, os direitos sociais consistem um programa para fazer, realizar e contribuir, por parte dos órgãos estatais, em benefício dos membros da sociedade política. Constituem direitos positivos, direitos dos cidadãos à prestações ou atividades do Estado; contudo, contrapô-los aos direitos às liberdades individuais e coletivas como sendo obrigações de apenas o Estado executar, seria um erro. Bem, é o que acontece ou, melhor, é do que temos notícias hoje. A minha geração, alienada como se encontra, sem qualquer ação haja vista a existência da difusão da informática, da presença do Orkut, do MSN e de outros programas que nos colocam em ponto de inércia, se tornou passiva diante da explosão dos acontecimentos. No passado o jovem tinha ideal, podia escolher, agir e interagir com seu grupo. Hoje, nada faz e se torna mecanicamente compulsivo no sentido deixar correr o tempo e se escandalizar, tão somente permitindo, inclusive, que o Estado não cumpra com sua obrigação.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

E HOJE?

Na palavras de CARLOS LOPES DE MATOS tem-se que :"Dos fenómenos para uma realidade essencial há um passo que não podemos dar na hipótese do realismo mediato: esta realidade fica sendo incognoscível. Em conclusão, apenas as ciências tem valor. A metafísica teórica torna-se impossível, só se refazendo as verdade metafísicas por exigência da razão prática: o dever supõe a alma imortal, a liberdade e Deus"
Bem, levando a premissa em conta temos que, atualmente, o dever de alguns de nossos compratiotas encontra-se divorciado da moral, do temor e, sobretudo, da crença de que existe um plano maior onde as contas serão, efetivamente, prestadas. Vejo-me, pois, órfão em relação aos acontecimentos recentes ligados à magistratura, aos políticos e também relacionados com homens comuns. Estes últimos, com um comportamento típico, desprovidos de respeito pela vida do semelhante, se engancham no crime haja vista, inclusive, que o crime para tais pessoas não passa de coisa comum considerando que perderam o medo de errar, mas, o que dizer de nossos magistrados e, de nossos legisladores? tais indivíduos são preparados (ou deviam ser) para servir a comunidade, prestando serviço relevante, mas, usam do cargo e do poder para, em proveito próprio, surripiarem e dilapidarem. Tenho que a fé precede ao milagre e, municiado de fé levo a vida, trabalhando, escutando um amigo aqui e outro lá, cuidando de minha vida e de minha prole sendo que o sentimento de ser órfão não me abandona. Acredito ser a magistratura a ultima fronteira entre o bem e o mal e, o que vejo?
vejo homens e mulheres de despindo da condição de servidores para se integrarem à quadrilhas e bandos, com carros de luxo, milhões de reais colocados no ralo vilipendiando, desta forma, os homens de bem. resta-nos, pois, não o consolo dos que se afligem, mas, a esperança de que os fatos que se sucedem dia após dia, já são o prelúdio de dias melhores. assim penso.

terça-feira, 17 de abril de 2007

AS MINHOCAS E O DIREITO

Quatro mineiros foram denunciados pela Promotora de Justiça Márcia Pinheiro de Oliveira Teixeira Negrão pelo roubo de quatro minhocas.

O que deixa perplexa qualquer pessoa de bom senso, até aquelas não ligadas à operação do Direito, é o ato que gerou o processo judicial. Os quatro cidadãos roubaram as minhocas da Fazenda Santa Luzia do Quilombo, de propriedade de Fausto Campolina Teixeira, em Paraopeba, Minas Gerais.

Não se indignem, leitores. Não se tratava de uma minhoca qualquer. Tinha pedigree. Era da raça minhocuçus - espécie de minhoca utilizada para pesca, de tamanho maior que o habitual.

O que vou dizer a meus alunos do curso de Direito? Com que coragem vou olhar firme (e com postura vertical) em seus olhos? Está certo o Professor José Baldissera ao afirmar, no último jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul - SINPRO/RS, que "o professor é um ator que interpreta a si mesmo".

Belíssima frase e, mais que simples exercício retórico, é uma fantástica visão desta que, em minha opinião, é a segunda mais bela e direta relação humana - professor(a)/aluno(a) -, somente superada pela relação entre pais e filhos. O personagem que hoje interpreto
não acredita mais cegamente no script. Ainda bem!

O Superior Tribunal de Justiça, julgando em 1º de julho último o conflito de competência que lá chegou em 20 de agosto de 1997, acolheu entendimento do relator, Ministro Fernando Gonçalves, entendendo que "apanhar quatro minhocas não tem relevância jurídica. No caso incide o princípio da insignificância, porque a conduta dos acusados não tem poder lesivo suficiente para atingir o bem tutelado pela Lei nº 5.197/67, que trata sobre crimes contra a fauna. A pena porventura aplicada seria mais gravosa do que o dano provocado pelo ato delituoso".

Crime contra a fauna, convenhamos. E depois há quem diga que o Direito não passa por enorme crise. Certamente os acusados buscavam minhocas, naquele setembro de 1994, para pescar (ou para vendê-las a pescadores) e matar a fome de seus filhos, abandonados à própria sorte pela visão fria que a pós-modernidade neoliberal e globalizante lhes legou. Enquanto isso, milhares de quilômetros quadrados são devastados diariamente na Amazônia. A poluição industrial e cloacal dos rios brasileiros é vergonhosa. Os criminosos de colarinho branco, cada vez mais impunes. E a ilustre Promotora de Justiça preocupada com o roubo de animais anelídeos. É demais! Basta! Temos que ser realistas na interpretação e na aplicação do Direito.

Indiscutivelmente o senso comum teórico dos juristas tem função que não pode ser desconsiderada na formação do Direito. Em especial da interpretação que lhe dá o Poder Judiciário, para onde flui a maioria das controvérsias sociais, individuais e coletivas. Então a solução já vem pronta, acabada, discutida, bastando adequá-la ao caso prático em discussão. O próprio ensino tradicional de Direito é assim conduzido, ou seja: para cada caso há uma solução adequada, conduzindo à solução da lide.

O maior problema reside na autoria dessa solução desvinculada da realidade social em que vivemos, ou, em outras palavras, na concepção em que as partes são transformadas em reclamante e reclamados, autor e réu, suplicante e suplicado, etc., como enfatiza Lenio Luiz Streck, descontextualizadas do mundo real como se fossem mera ficção. O risco, como acentuado no acórdão do processo nº 296042336, do Poder Judiciário gaúcho, e tantos outros onde foi adotada uma linha garantista (de Luigi Ferrajoli), é confundir as ficções da realidade com a realidade das ficções, como fez a ínclita representante do Ministério Público mineiro.

No meio da minhocultura, a notícia pode ser lamentada. No entanto, os operadores do Direito agradecem. Ao menos, temos agora mais um personagem na história do Direito: a minhoca!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

APOLOGIA A SOCRATES, by Nani

A ciência e a religião não estão em desacordo
É que a ciência ainda é muito jovem para compreender...

Porque talvez para entender que os grandes feitos e as grandes mudanças da humanidade acontecem em decorrência de uma serie de acontecimentos, é necessário começar pelo fim.

Pois só depois de encerrado a grande obra divina é que podemos vislumbrar seu resultado das escolhas feitas pelos homens.

Entende-se como obra divina tanto as grandes mudanças sofridas pela humanidade (cataclismos, guerras, pestes, mudanças de pensamento e conduta) quanto o inicio e o final de cada dia (o nascer e o por do sol).

Sendo assim Sócrates morreu.

Morreu deixando a certeza que muitas das vezes não contemplamos nessa vida a diferença ou a importância que tivemos, pois morreu sem saber que varias gerações o teriam como fonte de inspiração, que fariam de seus escritos bases para formação de novos pensadores. Morreu em duvida, sem saber se a morte era melhor que a vida. Porém morreu acreditando em Deus e em seus desígnios.

Como homem de bem que foi, um sábio, talvez o mais sábio entre os sábios, Sócrates tinha a certeza que nada sabia, e pelo fato disso saber é o que mesmo se tornou sábio.

Foi essa a causa de seu julgamento. Isso foi o que o levou a morte.

Ter a certeza que de apesar de muito saber, ainda assim existia muito que aprender. Foi sua indignação perante aqueles que se dizem sábios que o levou a morte. Pois não existe homem de bem que não se indigne frente a aqueles que se acham como legítimos detentores do saber, sem no entanto, compreender que por mais que se viva mil vidas, nunca será suficiente a aquisição de conhecimentos. Mesmo porque um sábio não é o que é, pelas coisas que sabe estar escrita em livros. Um sábio assim o é, por compreender a natureza divina do homem e através de uma vida buscar o encontro com a divindade. Portar-se não de acordo com regras pré-estabelecidas e muitas vezes ultrapassadas da sociedade, mas sim com as regras do coração.

A bem da verdade, somente o tempo é que muda. Os homens, seus sentimentos, suas propostas e o querer, ao que parece, continua na mesmice.

Nos deparamos com homens, ocupando cargos de projeção, formadores de opinião que são vilipendiarem o que de bom existe na sociedade, minando o coração dos jovens com sentimentos vis, desacreditando o Poder Judiciário e, levando-nos a acreditar que o mal deve ser uma constante forma de vida.

Não pode ser bem assim. Existem sentimentos de rejeição que batem de frente com o mal e, o homem de bem, aquele que sente vergonha quando lê as noticias estampadas em nossos jornais relacionados a Juízes corruptos, delegados que compartilham do crime, políticos que não legislam, deve acreditar que este não é o mundo certo.

O certo é o aqui presente, no dia a dia trabalhado, na conta que não foi paga, no bom conselho ao filho, no apoio ao amigo. Isso sim é viver.

O resto, bem, o resto é o mal e, contra o mal existe sim remédio que nada mais é do que preservar conceitos éticos e, lutar sempre apesar da dor.


domingo, 15 de abril de 2007

INIMIGOS INTIMOS

Este assunto me foi despertado por um voto do desembargador Elizeu Gomes Torres, do TJ/RS, que adiante resumo por traduzir de forma magistral este tipo de situação conjugal que acrescento ser tão mais lamentável quanto envolva filhos menores.
Inegável a existência de um vínculo afetivo e sexual, que perdurou, de forma intermitente, ao longo de quase oito ano. Amor intenso, dramático, muitas vezes exasperado. Se o amor era assim sentido por ambos, não se sabe. Não há uma linha escrita pela mulher a expressar tanta paixão. Mas o marido, que é homem extrovertido, passional, externou, por mil modos, o que sentia e o quanto sentia. Não há como percorrer as mais de mil laudas deste processo de sete volumes, sem deixar-se tocar por esta paixão. Não sei por que, mas examinei – diz o desembargador – os restos mortais desse amor com a sensação que guardei de uma versão filmada de Shakespeare, in Ricardo V. Depois da batalha travada apelo domínio da França, o monarca vencedor percorre a pé o campo da luta. O prado transformou-se num lodaçal, a chuva cai sem cessar. No solo, bandeiras, restos fumegantes de carros de combate, cavalos mortos, estandartes estraçalhados, feridos que clamam por atendimento e milhares de mortos. Dentre estes, nobres, amigos, parentes, servos rapazes ainda imberbes que lutaram por um ideal para eles inatingível. O rei toma nos braços o corpo de seu melhor amigo e com ele completa a caminhada. Não há diálogos e, o rei sequer monologa. Mas creio que, ao longo do percurso, uma pergunta o monarca não cessou de fazer a si mesmo: valeu a pena? Os personagens deste drama judiciário ai estão, felizmente, vivos e em condições de re-amar. E certamente perguntam, diante da exposição quase pública das vísceras desse amor, se valeu a pena. Digo que seria melhor que tudo terminasse com a grandeza do imortal Augustim Lara, na mansão que ergueu para ser o templo da consagração de seu amor pela belíssima Maria Felix, percebeu um dia, ao café da manhã, um “rictus” de desprezo no rosto amado. Levantou, subiu as escadarias de mármore, foi ao banheiro, colocou as escova de dentes no bolso e nunca mais voltou.

Ana Carolina

Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", " Esse apontador não é seu, minha filhinha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba" e eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? IMORTAL! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

Rabindranath Tagore

Esta é a minha prece a Ti, meu Senhor, com raízes em meu coração."Dá-me forças para sofrer minhas alegrias e tristezas. Dá-me forças para tornar frutífero meu amor em Teu serviço. Dá-me a força de não fugir nunca ao pobre, e de não dobrar os joelhos ante o poder insolente. Dá-me força para elevar minha mente acima das pequenezas da vida diária. E dá-me forças para sujeitá-la à Tua vontade, com todo amor. Não me deixes rogar para pôr- me a salvo dos perigos, mas para encará-los sem temor. Não me deixes implorar para que se aliviem minhas penas, mas para que meu coração possa vencê-las. Não me deixes aliados no campo de minhas batalhas, mas que possa eu fiar-me em minhas próprias forças. Não me deixes que, em ansioso temor, deseje salvar-me, mas que obtenha a paciência para ganhar meu reino. Concede-me a graça de que eu não seja covarde, que não só sinta Tua ajuda em minhas vitórias, mas que também possa achar a doce pressão de Tua mão em meus fracassos."

sexta-feira, 13 de abril de 2007

ASSIM

Já houve tempo que o homem caminhava a procura de seu ideal como, alias, poderá acontecer novamente, mas, os tempos são outros e o homem caminha a procura sabe-se lá do que. Poderia até ser verdadeiro o boato recentemente chegado à cidade de que um homem estranho, municiado que estava com uma longa capa, chapéu escuro e bota longa, havia procurado por mim no bar da graviola. Mas, o que pensar, nada que havia feito poderia trazer alguém de fora a minha procura, ou melhor, quem de fora poderia se lembrar de mim para se dirigir até minha cidade, a minha procura. Por mais de vinte e cinco anos não arredava pé fora do lugar que escolhera para viver e, antes disso, minhas saídas foram tão insignificantes, que não conseguia achar o motivo para ser procurado. Até mesmo as pessoas de minha cidade não me procuravam e, quando iam até minha presença era porque, de uma certa forma, era inevitável ficarem sem a orientação que precisavam. No mais, estava eu sempre sozinho as voltas com meus afazeres, com medo da doença há pouco descoberta, longe de tudo e de todos. Imerso em meus problemas, sempre na expectativa de chegarem problemas novos, mal conseguia resolver os antigos e agora, alguém estava a minha procura. Por um momento pensei que os problemas antigos, por estarem desprezados haviam tomado forma e, pior, haviam tomado forma humana, desconhecida e vestida para melhor me atormentar. Era, pois, noite quando me dei conta que passei o dia todo pensando na figura que andara procurando por mim. A luz de meu quarto estava apagada, algumas formas estavam, todavia, desenhadas na parede em decorrência da luz prateada da lua que invadia meu quarto pela janela, colocada a minha esquerda. Algumas das formas se assemelhavam ao que ia em meu interior, refletiam meus anseios, minhas duvidas, meus receios e outras, nada diziam e se passavam por seres de minha infância, que já não causavam medo algum. Outras, por sua vez, causavam-me arrepio só de imaginar que ali estavam. Pareciam ter vida e pensavam. Mas, nada disso me preocupava, mas, sim, o fato de que não me dei conta que já escurecera, que já era tarde da noite e nada havia comido e nem bebido. Uma fome intensa agora me incomodava e a sede afogava o meu espírito a ponto de fazer com que poderia eu sair dali, de meu quarto, e procurar o que existia de qualquer coisa la fora. Não, sair dali naquele momento e deixar todas aquelas formas sem qualquer vigia era um risco que não poderia correr. Como então acender a luz e dissipar os convidados que, se ali estavam, era porque os havia chamado através da solidão que sempre invadia meu ser...

O QUARTO

Alcancei a cozinha e pude verificar que fazia dias que não comprara nada para comer e, me limitei a sorver um gratificante gole de água. Não saciado procurei alcançar a porta de saída, mas, fui colocado no chão por uma pancada que, mas tarde, descobri ter vindo por trás, em minha nuca, desnorteando-me e fazendo com que perdesse, por alguns momentos a consciência. Não sei quanto tempo fiquei desacordado e, ainda era noite quando a dor que sentia fez com que abrisse os olhos. Levantei-me, com muito medo, e imaginei ter sido vitima de algum assaltante desavisado, uma vez que nunca tinha em minha casa qualquer coisa que valesse a pena ser roubada. Porém, como pude ver, nada faltava em toda a casa, tudo estava exatamente no mesmo lugar de sempre. O quarto. Ainda não fora até o quarto, meu amigo inseparável...

EM CASA

Muito embora algumas figuras fossem novas, outras já ali estiveram, a chamado meu, para compartilharem meus anseios, minhas duvidas e minha tristeza. Assim, ainda na dúvida passei a buscar em meu quarto a razão de minha existência, de minha vida, de minha morte e, pior, como seria minha morte. Ao meu lado, uma pequena mesa redonda, de carvalho muito velho, carregava alguns livros; em minha frente a cama, minha única companheira que ainda não se via arrumada e, já fazia mais de três dias que ninguém se importava com ela, deixando-a com os lençóis amarrotados e já quase com a marca de meu corpo fixado ali definitivamente. A parede do lado direito, que se opunha à janela, levava em seu meio um quadro de um certo pintor famoso, que já não lembro o nome, pintado por uma amiga de infância a contra-gosto e, entregue a mim da mesma forma. A mesa que se postava quase que ao lado da cama estava abarrotada de papeis sendo uns escritos outros não, mas, eram tantos que faziam pilhas e mais pilhas. Podia-se se ver ainda alguns jornais que ali estavam há semanas, já lidos e relidos, com suas noticias ultrapassadas, mas completamente atuais face ao momento onde, para arrepio meu, pode-se notar que sempre era repetido. E a luz, oriunda de uma lâmpada mal colocada estrategicamente no quarto não brigava comigo eis que, eram raras as vezes que eu a acendia, incomodando-a. A pintura do quarto era, como a de toda a casa, de uma cor sempre intrigante, pois, os antigos donos talvez por saberem que iam vendê-la fizeram questão de dar-lhe uma cor a título de vingança pelos cruéis momentos que por ali passaram. Eu, por minha vez, até gosto da casa, como gosto do meu quarto e das coisas que ali estão. Quanto à pintura tenho minhas duvidas. Ainda na cadeira, ao lado de minhas imagens, podia ver minhas roupas, de cores taciturnas, como meu espírito. Dizem alguns que as roupas refletem o íntimo de seus donos e, fosse verdade isso, devia eu estar então já ao lado de meus antepassados, em uma cova, pois, procurava sempre me vestir com roupas pesadas, de cor marrom ou preta e, de preferência envelhecida pelo uso do guarda-roupa. Nunca me prestei a usar, imediatamente, qualquer roupa que comprasse. A deixava por algum tempo guardada como que para se acostumar com o local, e, depois comigo. Ai então a vestia e, se gostava muito dela fazia com que não voltasse logo para seu lugar, a vestindo por dias seguidos, o que, de uma certa forma, trazia um certo mal estar para aquelas poucas pessoas que vinham me ver ou que encontrava na rua, quando saia de casa. Minhas botas estavam há muito precisando de cuidados e, era o que mais gostava uma vez que vestiam muito bem o dono, de forma confortável. Uma cadeira se contrapunha ao sofá de pano amarelo onde me encontrava. Não uma cadeira qualquer, mas, escolhida a dedo e com critério rigoroso. Era, como o sofá, bastante cômoda, de madeira de carvalho como a pequena mesa ao meu lado, integrando o ambiente lúdico. Assim, já incomodado pela fome e sede dei uma rápida olhadela por todo o quarto, cujo piso de tabua corrida sem cera, resmungava sempre que por ali passava, passei as mãos pelos braços do sofá, agradecendo-o pela hospitalidade e, mesmo no escuro, fechei a janela a fim de dispensar as imagens que ali estavam a me visitar. Sem tatear dirigi-me à porta, levando comigo as questões possíveis e que poderiam ser discutidas com o estranho que estava a me procurar...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

VOCÊ PODE

QUER VOCÊ PENSE QUE PODE OU QUE NÃO PODE, VOCÊ ESTÁ CERTO”.

Há algum limite para isso? Absolutamente não. Nós somos seres ilimitados. Nós não temos limites. As capacidades, os talentos, os dons e o poder que está dentro de cada indivíduo nesse planeta é ilimitado.

Não há um quadro negro no céu onde Deus tenha escrito o seu propósito, sua missão na vida. Não há um quadro negro no céu onde se possa ler, por exemplo: “Neale Donald Walsch, boa pinta, vive na primeira metade do século 21, vocação: ”. Na frente de vocação então teríamos um espaço em branco. Então tudo o que eu teria que fazer é entender o que eu estou fazendo aqui, porque estou aqui. Tudo o que eu teria que fazer é encontrar esse quadro negro e descobrir o que Deus tem em mente para mim. Mas o quadro negro não existe. Então o seu propósito de vida é o que você disser que ele é, sua missão é a missão que você der a si mesmo, sua vida será como você a criar e ninguém a condenará, nunca jamais. (texto extraido do documentário The Secret).

domingo, 8 de abril de 2007

Eu

Imerso em meus problemas, sempre na expectativa de chegarem problemas novos, mal conseguia resolver os antigos e agora, alguém estava a minha procura. Por um momento pensei que os problemas antigos, por estarem desprezados haviam tomado forma e, pior, haviam tomado forma humana, desconhecida e vestida para melhor me atormentar. Era, pois, noite quando me dei conta que passei o dia todo pensando na figura que andara procurando por mim. A luz de meu quarto estava apagada, algumas formas estavam, todavia, desenhadas na parede em decorrência da luz prateada da lua que invadia meu quarto pela janela, colocada a minha esquerda. Algumas das formas se assemelhavam ao que ia em meu interior, refletiam meus anseios, minhas duvidas, meus receios e outras, nada diziam e se passavam por seres de minha infância, que já não causavam medo algum. Outras, por sua vez, causavam-me arrepio só de imaginar que ali estavam. Pareciam ter vida e pensavam. Mas, nada disso me preocupava, mas, sim, o fato de que não me dei conta que já escurecera, que já era tarde da noite e nada havia comido e nem bebido. Uma fome intensa agora me incomodava e a sede afogava o meu espírito a ponto de fazer com que poderia eu sair dali, de meu quarto, e procurar o que existia de qualquer coisa la fora. Não, sair dali naquele momento e deixar todas aquelas formas sem qualquer vigia era um risco que não poderia correr. Como então acender a luz e dissipar os convidados que, se ali estavam, era porque os havia chamado através da solidão que sempre invadia meu ser...

Somos o que fomos e, ainda não aprendemos.


sábado, 7 de abril de 2007

A dor

O ser humano é um fingidor que mente tão completamente que chega a fingir que é dor.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Agora somos três

Com o tempo, insensível tempo, a vida me levou a deixar para trás certas coisas que nunca gostaria de perder e, assim, o tempo vai passando. Quando ainda no tempo onde tudo era o que iria fazer hoje, pouco ou quase nada pensava e convivia com pessoas que me eram caras e, como era de ser, pouco valor dava àqueles momentos. Na medida em que corria o ponteiro da vida perdia um amigo, um parente; um vizinho e, a dor era grande, mas, não o bastante para anestesiar. Com o passamento, então, de meu pai o tempo não parou sendo que, tão somente, uma brecha abriu em minha vida onde pude ver o que se passava em meu interior. A roupagem de festa deixou escapar a negritude de sentimentos dolorosos e, mais tarde, minha mãe também se foi. Pensando estar preparado voltei a ver a ferida antes aberta a qual, durante muito tempo, conservei como parte de minha vida. Doía, mas, suportava. Em seguida nos deixou também um tio, irmão de minha mãe e agora, recentemente, uma outra tia, minha madrinha. Restamos, então, tão somente três membros da familia Spagnuolo que, por sua vez, formam a quarta geração. A dor caminha, pois, não mais em mim e sim junto comigo. Antes, como falei quando meus entes queridos partiam desta vida é verdade que sentia muito e, agora, quando deparo com o inevitável fim nesta vida tendo a certeza de que também estarei partindo fica a vontade de, tão somente, fazer o bem, de salvar a humanidade de si mesma, de salvar as florestas, os rios, o mundo todo. Me entristeço mais quando vejo uma árvore cortada, um rio acabado, uma rua suja e, alguem lavando o passeio. Entristeço, mas, amadurecido pela intemperie levo a vida ou procurando, cada dia, melhorar meus sentimentos e, sobretudo, procurar dar a mão a quem precisa de uma mão, um sorriso para quem precisa de um sorriso. Assim, levo agora a vida com muita saudade.