terça-feira, 27 de abril de 2010

COMPANHEIRA

Os meus pesadelos dizem que estou sozinho na busca de minha eterna companheira e, ninguém sabe o que eu estou procurando. Tenho consciência de que a procura pela eterna princesa dos meus sonhos teve início em vidas passadas, continua nessa vida e estou ciente de que é um caminhar solitário. Em um dos caminhos percorridos encontrei com o velho ancião na sombra de um imenso flamboyant amarelo. Perguntando ao velho sobre minha amada ele disse: “Peregrino da montanha sagrada, você somente vai encontrar sua companheira no caminho interior que é percorrido em absoluto silêncio”.

domingo, 25 de abril de 2010

SE EU FOSSE VOCÊ (Rubem Alves)

O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranqüila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você" A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Todos reunidos alegremente no restaurante: pai, mãe, filhos, falatório alegre. Na cabeceira, a avó, com sua cabeça branca. Silenciosa. Como se não existisse. Não é por não ter o que dizer que não falava. Não falava por não ter quem quisesse ouvir. O silêncio dos velhos. No tempo de Freud as pessoas procuravam os terapeutas para se curarem da dor das repressões sexuais. Aprendi que hoje as pessoas procuram os terapeutas por causa da dor de não haver quem as escute. Não pedem para ser curadas de alguma doença. Pedem para ser escutadas. Querem a cura para a dor da solidão. Acho bonito o taoísmo, filosofia oriental. Para saber como ele é basta ler os poemas de Alberto Caeiro. O taoísmo é um jeito de olhar para o mundo. São muitos os jeitos de olhar para o mundo. Cada jeito, cada mundo. O taoísmo diz que o mundo é feito de encaixes. Tudo vem aos pares. O que não tem par não existe. Tudo é macho e fêmea: yang, yin. Quando as duas partes do par se encaixam faz "dac" - e a felicidade acontece. Para haver encaixe é preciso que cada parte seja incompleta. Se as partes fossem completas os encaixes não seriam possíveis nem necessários. Como num quebra-cabeça. Cada peça tem de ter um buraco. Esse buraco é para nele se encaixar um "pleno" da outra peça. Se tal buraco não existir, o encaixe não pode acontecer. O quebra-cabeça fica frouxo, solto, desmancha. Mas não acredite nessa palavra "pleno", que usei. Usei por falta de outra. "Pleno" sugere algo completo, em que nada falta. Mas a verdade é outra. Todo "pleno" é um buraco visto pelo avesso. Quando o buraco e o pleno se juntam acontece o encaixe. (Quem já montou quebra-cabeça sabe do prazer quase erótico que se sente ao fazer uma peça se encaixar na outra. Como se fosse uma metáfora sexual. Confirmação do taoísmo.) Viver é montar um quebra-cabeça. Viver é procurar encaixes. Acho que os taoístas aprenderam isso observando a boca de um nenenzinho sugando o seio da mãe. A boca é um vazio. Sem nada saber ela já sabe sobre os encaixes. Suga o vazio. Seus movimentos rítmicos são a primeira forma de oração, sem palavras. Oração é o vazio que espera. A boca vazia ora pelo "pleno" que a satisfará: o seio da mãe. Mas o "pleno" do seio da mãe é também oração: quer uma boca que o sugue. Quando boca e seio se encontram o encaixe acontece. É a felicidade. O vazio de um é o pleno do outro. O vazio de um é a felicidade do outro. Assim é o amor. A tristeza amorosa é o vazio desejando o pleno. Sócrates inventou um mito para explicar o amor. Disse que Eros nasceu do casamento entre a "Pobreza" e a "Plenitude". O amor é um buraco na alma. Quem ama é pobre. Falta alguma coisa. Peça desencaixada do quebra-cabeça. O sentimento amoroso é a nostalgia pelo pedaço que me falta, "pedaço arrancado de mim". Assim são o masculino e o feminino. O masculino é o pleno que ora pelo vazio que o abraçará. O feminino é o vazio que ora pelo pleno que nele se encaixará. Quando os amantes se abraçam e as peças se interpenetram, os corpos se encaixam, como no quebra-cabeça. Todo ato de amor é uma realização efêmera de uma unidade original perdida. Assim são o yang e o yin, o pleno e o vazio, o seio e a boca, o masculino e o feminino, a fala e a escuta. A fala é masculina: o pleno, sêmen, semente, penetração (podere, em latim, quer dizer cavar), ejaculação. Segundo o Aurélio, essa palavra, ejaculação, que é usada normalmente para designar o jato de esperma, significa também "proferir, dizer em voz alta". Ejacular esperma e falar são a mesma coisa. O ouvir é feminino. O pênis ereto é uma pobreza. É uma súplica, uma oração por uma vagina que o acolha. A semente, para germinar, precisa de um buraco na terra que a acolha. A fala é pobre, falta. Procura o vazio do ouvido. A ejaculação da fala, masculina, acontece num momento. Mas a germinação da escuta, feminina, demanda tempo e silêncio. Para ouvir não basta ter ouvidos. É preciso parar de ter boca. Sábia, a expressão: "Sou todo ouvidos". Todo ouvidos; deixei de ter boca. Minha função falante, masculina, foi desligada. Não digo nada. Nem para mim mesmo. Se eu dissesse algo para mim mesmo enquanto você fala seria como se eu começasse a assobiar no meio de um concerto. Faço, para ouvir você, o mesmo silêncio que faço para ouvir música. Vou agora lhe revelar o segredo da escuta. Quando era iniciante na arte da psicanálise tratava de prestar a maior atenção naquilo que o cliente me estava dizendo. Levou tempo para que eu percebesse que quem presta muita atenção no que é dito não consegue escutar o essencial. O essencial se encontra fora das palavras. Fernando Pessoa, essa distração dos deuses, sabia disso e escreveu. Está num poema que ele dirigiu a um poeta. O poeta é um falador. Constrói objetos com palavras. A esse poeta, cujo negócio é falar, ele diz: Cessa o teu canto. Cessa, porque enquanto o ouço, ouve a uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvi-a No mesmo tempo E diferentes Juntas a cantar. E a melodia Que não havia Se agora a lembro, Faz-me chorar. Preste atenção no que está escrito. Fernando Pessoa diz que a fala tem duas partes. A primeira são as palavras que são ditas: a letra. A segunda é uma melodia que se faz ouvir nos interstÍcios da fala: a música. A letra é coisa do consciente, cerebral. A música é coisa do corpo, inconsciente. Aquilo a que a psicanálise dá o nome de inconsciente é a música do corpo. Quem diz a letra não percebe que está cantando. Tem havido tentativas de produzir uma fala que seja só letra, sem a música. A ciência e a filosofia têm-se esforçado por esse ideal- uma fala da qual o corpo do que fala esteja ausente. Fala sem alma, só informação. A voz metálica, monótona, indiferente, de robô, dos serviços de alto-falantes dos aeroportos é uma expressão sensível desse ideal desumano. Você poderia imaginar um diálogo de amor com essa fala? Não existe voz humana que não tenha música. Aí Fernando Pessoa diz que a letra não tem importância. Não é nela que se encontra aquilo que importa escutar. Pede até ao poeta que pare de falar porque a fala dele atrapalha ouvir a melodia ... Esse é o absurdo segredo da escuta: é preciso não escutar o que se diz para se poder ouvir o que ficou não-dito, a música. É na música que mora a verdade daquele que fala.
Assim, se você quiser ouvir bem, não preste muita atenção na letra. Esqueça as lições da hermenêutica, a ciência da interpretação dos sentidos. Aprenda a sentir a música. Todos os tipos de música, do tam-tam dos tambores a Boulez. Porque o que os compositores fizeram foi só fazer tocar em instrumentos aquilo que era tocado pelo corpo. Parafraseando Uexküll: "Todo corpo é uma melodia que se toca." Seria bom se, nos cursos de psicologia, se lesse menos livros e se ouvisse mais música.

cuba livre

yoani sanches=cuba livre. sucesso sempre.
cuba livre. em um momento onde o ser humano procura novos rumos; não é possivel admitir que o estado possa interferir na vida do cidadão. e, paradiano, digo que é certo que o poder corrompe e, o poder absoluto corrompe absolutamente. sucesso yoani sanches

referente a: Mi perfil | Generación Y (ver no Google Sidewiki)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Você deve compreender que a corrente Divina que flui e funciona em cada ser vivo é a Única entidade Universal. Quando você deseja entrar na mansão de Deus, você é confrontado com duas portas fechadas - o desejo de se elogiar e o desejo de difamar os outros. As portas são fechadas pela inveja, e existe também o enorme fecho do egoísmo impedindo a entrada. Então, se você é cuidadoso, deve recorrer à chave do Amor e abrir a fechadura; então, remova o ferrolho e deixe as portas escancaradas. sai baba.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A JANELA

Nada mais perfeito do que viajar de ónibus e, à tarde, através da janela lateral buscarmos ver, através de nosso reflexo, nosso passado. De vez em quando conseguimos fixar nossos olhos na paisagem que passa apressada o que, por um momento, faz com que a realidade se torne presente. Nada mais íntimo então que este momento onde, de cara a cara com aquilo que deixamos, que perdemos ou, que ganhamos podermos compartilhar, sem culpa, o dia passado. Foi assim, desta forma, em uma viagem para a cidade de Araxá que me encontrei comigo mesmo, a pensar em uma outra pessoa, ou seja, mais precisamente em um Promotor de Justiça. Bem, é certo que se não contar o milagre pouco importará a figura do santo e, sendo assim, que tomem um gole de paciencia e saibam do acontecido. Cicrano havia sido preso em face de uma Ordem de Prisao Temporária e,  no meio do atropelo acabou por ser preso, também, em flagrante delito pela posse de arma de fogo e munição. Isso há mais de trinta dias. Após postular a revogação da temporária e, de postular a liberdade provisória do pacinte; seu advogado depois de requerer diligências outras e, ja amolado pelo encarceramento - ao meu ver indevido - manteve, rapidamente, em um dos corredores do Forum coloquio com a dígna Autoridade onde este, por sua vez, usando de uma retórica perfeita, afirmou que tinha sido a favor do decreto prisional para salvar a vida do Cicrano, pois, muito embora entendesse que delitos haviam sido praticados primava ele, em primeiro lugar, pela mantença da vida humana e, é de se entender que o Imputado havia sido ameaçado de morte. Bem, surgiu então a questão que pretendo abordar, ou seja, onde fica o Preso diante de tamanha comiseração? Aqui posso afirmar que não deseja ele continuar preso, mesmo correndo sua vida risco de morte. Na verdade temos hoje em desfavor da vontade do ser humano o sistema jurisdicional que, além de inibir os movimentos do preso inibe, também, sua vontade tornando-o nada além de um número. Em suma, Cicrano continua preso e eu, por minha vez, até esqueci o que estava vendo na janela. Se eu lembrar, depois conto.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

SAI BABA

“O verdadeiro tapas, ou ascetismo na vida, é observar as disciplinas e restrições conforme prescritas. A mente é o primeiro dos três instrumentos internos dos seres humanos. Temos de proteger a mente de modo que apego, paixão e emoção não entrem. Esses extremos são naturais à mente. As ondas que se erguem em fúria na mente são a luxúria, a ira, a avareza, o apego, o orgulho e a inveja – esses seis são seus inimigos internos. Luxúria e ira trazem os quatro restantes. Para nos libertar desses inimigos internos e continuar no nosso caminho espiritual, devemos observar as práticas espirituais.”                                              
                                                                                                       Sathya Sai Baba