quinta-feira, 19 de julho de 2007

VAIA

"Nestes tempos em que o inacreditável e o inesperado estripam nossa vida, levando o desalento a centenas de familias, resta-nos levar-mos em conta que, na verdade, apesar do dia a dia, do corre e corre, somos nada mais do que simples mortais a perambular por esta vida a qual, diga-se de passagem, não passa de uma pia entupida. Dorminos com o barulho grotesco do acidente da TAM enquanto nem ao menos nos recuperamos do outro acidente, com o avião da Gol. Acordamos com pessoas sendo filmadas chorando a perda de filhos, de amigos, de parentes proximos e choramos com eles. Acordamos então para a realiadade de que poderíamos ali estarmos e, como não estávamos, procuramos compensar a dor ou o medo com o suspiro de alívio levando em conta que até somos culpados por estarmos vivos. Mas, é assim mesmo. Agora as autoridades sairam à procura do culpado, irão falar em erro humano e, coitado do piloto e de seu co-piloto, pois, já que morreram podem até novamente serem sacrificados. Acontece que a verdade é bem outra e encontra-se estampada em um rosto sarcástico deste nosso amado Brasil, tão mal representado. O acidente é fruto, acreditem, da época em que vivemos em que o ser humano está relegado à uma condição de um menos que nada e, enquanto isso os que nos furtam, os que nos humilham ocupando cargos políticos de grande relevância ficam lá esperando que uma tragédia deste porte tire a atenção da cena por eles protoconizada. Não se pode permitir, portanto, que o descaso firmado pela Ministra do Turismo, o desrespeito pela ética levado em conta pelo Presidente do Senado e, pior, a surdez a mudez e a cegueira do Presidente da República passem ao largo. Se existe culpa destas ilustres figuras? É claro que não. Existem sim o dolo e em face disso é que fica aqui a minha mais calorosa vaia a todos eles, vaia esta que sai do fundo de minha alma."

domingo, 8 de julho de 2007

O TEMPO

Foi-se o tempo onde as cadeiras eram colocadas no passeio e, as pessoas lá estavam para conversarem, para esperarem os filhos voltarem das aulas. Foi-se o tempo onde o bonde parava para o menino sair da linha. Foi-se o tempo onde o pai esperava o filho de braços abertos. Foi-se o tempo onde se tomava guarapam e se chupava picolé de groselha.Foi-se o tempo onde se assistia o Nacional Kid. Foi-se o tempo onde se brincava de casinha. Foi-se o tempo onde se comprava calça Lee. Foi-se o tempo da matine. Foi-se o tempo onde se trocava revistas na filha do cinema. Foi-se o tempo do cinema. Foi-se o tempo do posso sentar com você?. Foi-se o tempo de se acreditar no papai noel. Foi-se o tempo. Assim, quando crescemos esquecemos de que a época mudou e a tecnologia ocupou o lugar daquilo que eram valores e, valores caros. O amor foi então banalizado e os sentimentos guardados na gaveta mais alta de nosso interior. Mas, o que importa é que ainda nos resta a lembrança do passado ainda não consumida pela pressa de estar em algum lugar para fazer alguma coisa. Com isso, posso dizer que em face de termos ainda lembrança somos ainda humanos e, passíveis então de sentir, como os outros animais, mas, com a diferença de que temos o livre arbítrio. Que possamos, então, buscarmos no passado a força para, não mudar o futuro, mas, sim construir um presente que possa ser a ponte para um mundo melhor.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

O ABISMO

Atualmente ficamos pasmos diante do tiroteio no Rio de Janeiro, da doméstica que levou a maior surra, do senador na corda bamba, do outro senador que dividiu o pão, dos deputados que estão processados, do judiciário que se esconde debaixo da toga, dos advogados que corrompem, das cuecas, dos aviões que não chegam, do presidente que é cego e surdo, da censura dos meios de comunicação, das indenizações escandalosas dos que deixaram de ser e mesmo assim receberam, da policia que se vê impotente diante da norma legal, dos defensores públicos que estão relegados a um nada, do ministério público que se arvora no poder absoluto de que está ali para reparar o mundo, da falta de assunto e, assim vamos levando esta nossa vida e, seríamos hipócritas se deixarmos aqui o entendimento de que nada podemos fazer. podemos sim fazer alguma coisa e este é o momento quando, então, iremos até nosso vizinho para deixar ali a boa palavra. ele, o vizinho, por sua vez tocará no coração de alguém e, assim por diante iremos mudando as coisas. agora, será impossível perdoar o descaso dos outros para conosco, da ignomínia que assola esta nossa terra que de santa cruz já foi há muito tempo. meu caro leitor, não importa que estejamos sendo manipulados como de fato estamos. importa sim que não venhamos a compartilhar da falsidade daqueles que nos manipulam uma vez que é certo que amanhã o sol irá nascer, mas, para nos outros a sua luz será um conforto e, para todos aqueles que estão por ai a nos ferir será a forma concreta de coloca-los no devido lugar eis que aqueles que estão na escuridão ali irão continuar; não na caverna, mas, sim no abismo negro da própria vida.