quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A ciência e a religião não estão em desacordo
É que a ciência ainda é muito jovem para compreender

  


                Para entender que os grandes feitos e as grandes mudanças da humanidade acontecem em decorrência de uma serie de acontecimentos, é necessário começar pelo fim.

           Pois só depois de encerrado a grande obra divina é que poderemos vislumbrar seu resultado das escolhas feitas pelos homens.

           Entende-se como obra divina tanto as grandes mudanças sofridas pela humanidade (cataclismos, guerras, pestes, mudanças de pensamento e conduta) quanto o inicio e o final de cada dia (o nascer e o por do sol).

                Sendo assim Sócrates morreu.

       Morreu deixando a certeza que muitas das vezes não contemplamos nessa vida a diferença ou a importância que tivemos, pois morreu sem saber que varias gerações o teriam como fonte de inspiração, que fariam de seus escritos bases para formação de novos pensadores. Morreu em duvida, sem saber se a morte era melhor que a vida. Porem morreu acreditando em Deus e em seus desígnios.

                Como homem de bem que foi, um sábio, talvez o mais sábio entre os sábios, Sócrates tinha a certeza que nada sabia, e pelo fato disso saber é o que mesmo se tornou sábio.

                Foi essa a causa de seu julgamento. Isso foi o que o levou a morte.

            Ter a certeza que de apesar de muito saber, ainda assim existia muito que aprender. Foi sua indignação perante aqueles que se dizem sábios que o levou a morte. Pois não existe homem de bem que não se indigne frente a aqueles que se acham como legítimos detentores do saber, sem no entanto, compreender que por mais que se viva mil vidas, nunca será suficiente a aquisição de conhecimentos. Mesmo porque um sábio não é o que é, pelas coisas que sabe estar escrita em livros. Um sábio assim o é, por compreender a natureza divina do homem e através de uma vida buscar o encontro com a divindade. Portar-se não de acordo com regras pré-estabelecidas e muitas vezes ultrapassadas da sociedade, mas sim com as regras do coração.

           Pois é dos homens a escolha entre o bem e o mal, é livre a escolha do lado em que irão se postar frente à batalha. A batalha diária, que acontece dia após dia, lua após lua. É escolha do homem o lado que comandará seu coração, se viverá pela luz ou pelas trevas.

              Sócrates conscientemente escolheu tornar-se um mensageiro da luz, buscando trazer à humanidade a voz da razão, a verdade absoluta de que todos os homens são iguais, que o que os diferem são as escolhas. Porque viver na ignorância é uma escolha, acusar um individuo por medo de que suas palavras mudem os homens.

              O caminho escolhido o levou ao tribunal, frente a acusadores que acreditavam que condenando-o a morte estariam afligindo-lhe mal. Mas mal sabiam eles que as crenças do acusado eram puras. Acreditava em não saber se a morte era o fim ou o começo da vida, mas tinha a certeza de que se fosse o começo poderia morrer mil vezes que ainda se acharia satisfeito.

              Provavelmente não morrera sorrindo pois nem mesmo o mais bravo dos homens assim o faz, mas morreu em paz, consigo e com seus semelhantes. Morreu em desacordo com as leis do homem mas de acordo com seu coração.

               Morreu sorrindo.
               Creio eu.