terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

VIVER

É certo que diante da intempérie ou, do mal que o pode assolar, o ser humano age, vez por outra, de acordo com seus princípios e crenças e, vez por outra, de acordo com, tão somente o instinto. Que dizer então de mim que, na primeira noite de sono, após o exaustivo dia, alguém se aproxima e colhe uma flor em meu jardim e, não digo nada. Na segunda noite, este alguém já não se esconde e, pisa em minhas flores, mata o meu cão e, não digo nada. Um dia, após tantos que se passaram, outro que andava com o alguém, porém mais frágil, entra sozinho em minha casa, rouba-me a esperança, o sonho e, leva consigo até minha dor deixando-me desnudo. Agora, como nunca disse nada já não posso fazer nada. 
Pergunto-me, então, se ao assim agir estaria eu impelido pelas minhas crenças as quais, ao longo dos anos, não mudaram mas tomaram feições mais rudes, destemidas e, sobretudo, tristes.
A invasão de meu mundo acontece durante todos os segundos em que vivo esta vida, neste plano e, à procura de respostas fico sempre aguardando que o alguém ou seu companheiro somente pise em minhas flores e nunca, nunca mesmo, entre em minha casa. 
Não acontece isso. 
Entram porta a dentro, deixam diante de mim o traço de destruição de grande parte de tudo que acredito e, pior, levam consigo sempre parte de minha esperança restando, agora, muito pouco diante dos anos em que, provavelmente, ainda viverei.
É de se perguntar, então, o que fazer? 
Digo a mim mesmo que, diante de meus princípios, continuarei a plantar flores, a ter meu cachorro e sempre, sempre mesmo, manterei as portas de meu ser abertas.