quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

ANGÚSTIA


É de assustar o espectro do erro, no entanto mais àqueles que se viram investidos na função de julgar ou, àqueles que em decorrência do ofício que exercem, passam a acusar. Geralmente o acusador se acostuma tanto em se manter no, segundo devem pensar, cume da pirâmide que acusar passa a ser sintomático. Bem sei que, por mais forte que seja a razão ela não poderá desamparar aquele que, próximo de perder a liberdade, ainda encontra a severidade como escopo do projeto de sua vida, que se avizinha. Acredito que a acusação não deveria ser tão severa deixando para o Juiz o dever de julgar, mas, na realidade o acusador ao criar o parquet já tem convicção formada de que o acusado é culpado. Não se procura a verdade real, não se acusa nos limites do fato e, como desculpa pela indecência se fala que, no passado, ja se pediu absolvição. E o erro? Bem, esta é outra história, pois, o erro não anda sozinho e se trata de uma figura tirana, sempre acompanhada da desesperança. Temos, então, a figura do acusador que pode, em alguns casos, ter em seu rol de condenações a presença de um inocente ou, a presença daquele mesmo que não sendo inocente agiu impelido por uma crença que envolveu, por um momento, todo seu ser levando-o não a merecer, provavelmente, uma condenação, mas, sim um reparo para que sua vida possa prosseguir diante da perda, pois, bem se sabe que a vida se constroi das perdas que acontecem ao longo da estrada. Fala-se, então, que em decorrência da acusação advém a condenação com o fim precípuo de recuperar o infrator, mas, diante de uma pena entendida como não merecida ou, no pior, no caso de um inocente condenado, mata esta a esperança, que é o ultimo remédio que deixou a natureza a todos os males. Do erro, é quase certo, pouco os acusadores aprenderam e, continuam a acusar no mister do ofício e, como consequência vão as cadeias se enchendo de seres humanos, amontoados sobre a desesperança e a desilusão faltando aos mesmos uma assistência que poderia ser obtida através do estudo de cada caso a fim de, sobretudo, fazer aquele que se viu acusado e condenado entender a razão pela qual se viu privado da liberdade. Daí, do erro que é tia da angústia surge a convicção de que se deve, novamente, voltar a praticar o fato como forma de escárnio, de repúdio àqueles que acusaram.

É ASSIM MESMO


Correndo eu sigo com a vida e, não posso olhar pra traz. Se não desacompanho e esbarro com o tempo. Se a pressa não tem saída, eu vou seguindo com ela, andando na contra-mão. É assim mesmo, quando nos deparamos como uma situação de pura aflição e, quando nada parece que vai dar certo temos a tendência de criar um momento onde gostaríamos que o tempo parasse, mas, como é impossível interferir na roda da vida, passamos a lamentar o fato e, sufocamos a dor dizendo: - é assim mesmo. Agora, levando em conta que o ser humano está postado em camadas estrategicamente colocadas neste plano e, levando em conta ainda que a necessidade de relacionamento é maior do que a de alimentar; o ser humano procura ver no seu semelhante aquilo que realmente gostaria que vissem nele próprio. Daí, até podemos concluir que o amor, advindo de uma primária afeição nada mais é do que o estereótipo do mais puro sentir. Agora, se você tratar um individuo como ele é, ele permanecera assim, mas se você tratá-lo como se ele fosse o que deveria e poderia ser, ele se tornará o que deveria e poderia ser. Com isso as mudanças acontecem e o ser humano deixa de lado a possibilidade de comer quando se tem fome, amar quando precisa amar, tomar água quando tem sede e, pior, faz da possibilidade de crescimento uma eterna luta entre o que acredita ser o bem e o mal. E, então o que dizer da vingança que pode ser referência do mais puro sentimento humano, desprovida que é de pudor. Certamente quando ela surge em nossa vida deixamos de lado as promessas feitas em relação ao crescimento interior, em relação ao compromisso para com nossos entes queridos e, passamos a viver uma vida paralela onde nada mais importa que não o momento de consumar o se pretende. Será então a vingança a manifestação do amor que o ser humano tem para consigo sendo que, neste caso, o semelhante será visto não como ser humano, mas, sim como um obstáculo que precisa ser removido, obstáculo este desprovido de qualquer sentimento não se podendo deixar de lado que o obstáculo existente foi criado e, pode não existir de fato. Coisas da mente humana.