sábado, 31 de janeiro de 2009

Comer brigadeiro pode, mas, comer coronel não pode




Dono de lanchonete é preso por batizar sanduíches como patentes militares. Veja a Confusão.

"Em Penedo, comer brigadeiro pode, mas comer coronel, está proibido" Dono de lanchonete é preso por batizar sanduíches como patentes militares Para o dono de uma lanchonete de Penedo, a 170 km de Maceió (AL) tratava-se de uma estratégia de marketing. Para o comandante da Polícia Militar na cidade, era uma ofensa à corporação. E assim, por batizar os sanduíches da casa com patentes militares, Alberto Lira, 38 de idade, dono da lanchonete Mister Burg, acabou detido por ordem do comandante da PM local. Afinal, entendeu o militar, não ficaria bem alguém chegar na lanchonete e pedir: "quero um coronel mal passado". Ou sair de lá dizendo: "acabei de comer um sargento".Na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência e, face ao tumulto havido, a casa comercial fechou durante algumas horas. Como o delegado de plantão entendeu que não havia motivo para prisão, Lira foi liberado horas mais tarde. Os cardápios da lanchonete foram
recolhidos para avaliação e a casa reaberta em seguida. Aproveitando-se da inesperada repercussão, a lanchonete quer manter o cardápio que desagrada a PM.A casa oferece lanches como o "coronel" (que é o filé com presunto) e o "comandante" (um prato com calabresa frita) etc. A brincadeira foi demais para o parco humor da Polícia Militar que diz que os nomes dos pratos provocavam chacotas e insinuações contra os policiais entre os moradores da cidade de 60 mil habitantes. Lira, o dono da lanchonete, diz que não teve nem tem nenhuma intenção de brincar ou ofender a corporação. O cardápio - garante o dono da lanchonete - pretendia ser uma homenagem à hierarquia militar. O prato mais caro era o "comandante". O comerciante contratou ontem (15) o advogado Francisco Guerra, para entrar com uma denúncia por abuso de autoridade contra o comandante local da PM e uma ação reparatória por dano moral contra o Estado de Alagoas. Nela vai salientar que não existe nenhum texto legal que impeça um restaurante de incluir, no seu cardápio, "lula à milanesa", "filé a cavalo" ou "coronel mal passado" etc. O advogado já pediu habeas corpus preventivo para evitar outra detenção de seu cliente. A peça sustenta que "se o argumento do comandante fosse válido, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro".Como se sabe, brigadeiro - além de ser a mais alta patente da Aeronáutica - é também o nome do docinho obrigatório em aniversário de crianças. "Em Penedo, comer brigadeiro pode, mas comer coronel, está proibido" - ironizam os advogados da cidade.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O Discurso de Barack Hussein Obama:

Meus companheiros cidadãos:
Estou aqui hoje sujeito à tarefa diante de nós, grato pela confiança que me foi concedida, consciente dos sacrifícios suportados por nossos ancestrais. Agradeço o presidente Bush por seu serviço à nação, bem como pela generosidade e cooperação que ele mostrou ao longo dessa transição.
Quarenta e quatro americanos agora já prestaram o juramento presidencial. Essas palavras foram ditas durante ondas crescentes de prosperidade e águas calmas de paz. E, de tempos em tempos, o juramento é feito em meio a nuvens carregadas e tormentas violentas. Nesses momentos, os Estados Unidos prosseguiram não apenas por causa de nossa habilidade ou pela visão daqueles no alto escalão, mas porque nós, o povo, permanecemos fiéis aos ideais de nossos ancestrais, e fiéis aos nossos documentos de fundação.
Tem sido assim. E precisa ser assim com esta geração de americanos.
Que estamos em meio a uma crise é bem conhecido agora. Nosso país está em guerra, contra uma ampla rede de violência e ódio. Nossa economia está gravemente enfraquecida, consequência da ganância e da irresponsabilidade da parte de alguns, mas também de um fracasso coletivo nosso em fazer escolhas difíceis e em preparar o país para uma nova era. Lares foram perdidos; empregos eliminados; empresas fechadas. Nosso sistema de saúde é muito caro; nossas escolas reprovam muitos; e cada dia traz novas provas de que as formas como usamos a energia reforçam nossos adversários e ameaçam nosso planeta.
crédito: jurvetson
Esses são os indicadores da crise, sujeitos a dados e estatísticas. Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de vitalidade da confiança em nossa terra –um medo persistente de que o declínio dos Estados Unidos é inevitável, e de que a próxima geração precisa reduzir suas metas.
Hoje digo a vocês que os desafios que encaramos são reais. Eles são sérios e são muitos. Eles não serão enfrentados com facilidade ou em um período curto de tempo. Mas saibam disso, Estados Unidos: eles serão enfrentados.
Neste dia, nos reunimos porque escolhemos a esperança no lugar do medo, unidade de propósito sobre o conflito e a discórdia.
Neste dia, vimos proclamar o fim das discordâncias mesquinhas e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas gastos, que por muito tempo estrangularam nossa política.
Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Bíblia, é chegada a hora de deixar de lado as coisas infantis. É chegada a hora de reafirmar nosso espírito de persistência; de escolher a nossa melhor história; de levar adiante esse presente precioso, essa nobre ideia, passada de geração em geração: a promessa de Deus de que todos são iguais, todos são livres e todos merecem uma chance de buscar sua medida plena de felicidade.
Ao reafirmar a grandeza de nossa nação, entendemos que a grandeza nunca é dada. Ela precisa ser merecida. Nossa jornada nunca foi feita de atalhos ou de deixar por menos. Não foi uma trilha para os fracos de coração –para aqueles que preferem o lazer ao trabalho, ou apenas a busca de prazeres e riquezas e fama. Ao invés disso, tem sido uma jornada para os que assumem riscos, os realizadores, os que fazem as coisas –alguns celebrados, mas mais frequentemente homens e mulheres obscuros em suas obras–, que nos conduziram pelo longo e acidentado caminho em direção à prosperidade e liberdade.
Por nós, eles empacotaram suas poucas posses terrenas e viajaram pelos oceanos em busca de uma nova vida.
Por nós, eles deram duro em fábricas precárias e cruéis e colonizaram o oeste; suportaram o estalar do chicote e lavraram a terra dura.
Por nós, eles lutaram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn.
Repetidas vezes esses homens e mulheres deram duro e se sacrificaram e trabalharam até suas mãos ficarem calejadas para que pudéssemos viver uma vida melhor. Eles viram os Estados Unidos como maiores que a soma de nossas ambições individuais; maiores que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou políticas.
crédito: tonx
Essa é a jornada que continuamos hoje. Continuamos a ser a nação mais próspera e poderosa da Terra. Nossos trabalhadores não são menos produtivos do que quando a crise começou. Nossas mentes não são menos inventivas, nossos bens e serviços não são menos necessários do que foram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. Nossa capacidade não diminuiu. Mas nossa hora de permanecermos imóveis, de proteger nossos estreitos interesses e adiar decisões desagradáveis –essa hora certamente passou. A partir de hoje temos de nos levantar, sacudir a poeira e começar de novo o trabalho de refazer os Estados Unidos.
Para todos os lados que olhamos, há trabalho a ser feito. A condição da economia pede ação, ousada e rápida, e vamos agir –não apenas criando novos empregos, mas um novo fundamento para o crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes elétricas e linhas digitais que alimentem nosso comércio e nos una. Vamos restaurar a ciência a seu lugar de direito, e utilizar as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade dos serviços de saúde e reduzir seu custo. Vamos manipular a energia solar e dos ventos e da terra para abastecer nossos carros e dirigirmos nossas fábricas. E vamos transformar nossas escolas e faculdades e universidades para atender as demandas de uma nova era. Tudo isso podemos fazer. E tudo isso vamos fazer.
Agora, há alguns que questionam a escala de nossas ambições –que sugerem que nosso sistema não pode tolerar tantos grandes planos. As memórias desses são curtas. Pois eles esqueceram o que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem alcançar quando a imaginação se une ao propósito comum, e a necessidade à coragem.
O que os cínicos não conseguem entender é que o terrenos sob eles mudou –que os argumentos políticos envelhecidos que nos consumiram por tanto tempo não mais se aplicam. A pergunta que nos fazemos hoje não é se nosso governo é grande demais ou pequeno demais, mas se ele funciona –se ele ajuda famílias a encontrar empregos com um salário decente, uma previdência que eles consigam pagar, uma aposentadoria que seja digna. Onde a resposta for sim, pretendemos seguir adiante. Onde for não, os programas serão encerrados. E aqueles de nós que lidam com o dinheiro público serão responsabilizados –para gastar sabiamente, reformar maus hábitos e conduzir nossos negócios à luz do dia– porque apenas então poderemos restaurar a confiança vital entre um povo e seu governo.
crédito: Amsterdamize
Nem é a pergunta diante de nós se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. Seu poder de gerar riqueza e expandir a liberdade não tem iguais, mas a crise nos lembrou de que, sem um olhar vigilante, o mercado pode sair de controle –e que um país não pode prosperar quando favorece apenas os prósperos. O sucesso de nossa economia sempre dependeu não apenas do tamanho de nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance de nossa prosperidade; de nossa habilidade de estender a oportunidade a todos aquele que a queira –não por caridade, mas porque essa é a rota mais certa para nosso bem comum.
Para nossa defesa comum, rejeitamos a falsa escolha entre nossa segurança ou nossos ideais. Nossos pais fundadores, diante de perigos que mal podemos imaginar, esboçaram um texto para garantir a regra da lei e os direitos do homem, um texto expandido com o sangue de gerações. Aqueles ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos desistir deles em nome da conveniência. E para todos os povos e governos que nos assistem hoje, das grandiosas capitais à pequena vila onde meu pai nasceu: saibam que os Estados Unidos são amigos de todas as nações e de cada homem, mulher e criança que busque um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.
Lembrem-se de que gerações anteriores derrotaram o fascismo e o comunismo não apenas com tanques e mísseis, mas com alianças vigorosas e convicções duradouras. Elas entenderam que nosso poder sozinho não pode nos proteger, nem nos dá direito a fazer o que quisermos. Ao contrário, elas sabiam que nosso poder cresce com seu uso prudente; nossa segurança emana da justeza de nossa causa, da força de nosso exemplo, das qualidades temperantes da humildade e da contenção.
Somos os guardiões desse legado. Guiados por esses princípios mais uma vez, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem esforços ainda maiores –uma cooperação e compreensão ainda maiores entre as nações. Vamos começar a entregar de forma responsável o Iraque ao seu povo, e forjar uma paz muito duramente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmente para reduzir a ameaça nuclear, fazer retroceder o espectro de um planeta em aquecimento. Não vamos nos desculpar por nosso modo de vida, nem vamos esmorecer em sua defesa, e para aqueles que buscam fazer avançar suas metas pela indução ao terror e massacrando inocentes, dizemos a vocês agora que nossa determinação é mais forte e não pode ser quebrada; vocês não podem nos esgotar e vamos derrotar vocês.
Pois sabemos que a colcha de retalhos de nossa herança é uma força, não uma fraqueza. Somos uma nação de cristão e muçulmanos, judeus e hindus –e não-religiosos. Somos moldados por cada idioma e cultura, vindo de cada canto desta Terra; e porque experimentamos o gosto amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos daquele capítulo obscuro mais fortes e mais unidos, não podemos evitar de acreditar que os velhos ódios um dia vão passar; que as linhas tribais em breve se dissolverão; que enquanto o mundo se torna menor, nossa humanidade comum se revelará; e que os Estados Unidos têm de desempenhar seu papel em conduzir uma nova era de paz.
photo credit: Wendy Piersall
Para o mundo muçulmano, buscamos um novo caminho para seguir adiante, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Para aqueles líderes ao redor do mundo que buscam colher conflitos, ou culpar o Ocidente pelos males de sua sociedade: saibam que seus povos os julgarão pelo que podem construir, não pelo que destroem. Para aqueles que se agarram ao poder através da corrupção e da mentira e silenciando dissidentes, saibam que vocês estão do lado errado da história; mas que estenderemos a mão a vocês se estiverem dispostos a abrirem os punhos.
Para as pessoas das nações pobres, nos propomos a trabalhar com você para fazer suas fazendas florescerem e deixar águas limpas correrem; para nutrir corpos famintos e alimentar mentes famintas. E para aquelas nações como a nossa que usufruem de relativa fartura, dizemos que não podemos mais mantermos a indiferença ao sofrimento fora de nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem considerar os efeitos. pois o mundo mudou, e precisamos mudar com ele.
Ao considerarmos as estradas que se abrem diante de nós, lembramos com humildade aqueles bravos americanos que, nesta exata hora, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm algo a nos dizer hoje, bem como aqueles heróis que jazem em Arlington sussurram através dos tempos. Nós os honramos não apenas porque eles são os guardiões de nossa liberdade, mas porque eles incorporam o espírito de servir; uma vontade de realizar algo maior que eles mesmos. E, neste momento –um momento que definirá uma geração–, esse é precisamente esse espírito que tem de habitar em todos nós.
Pois, por mais que o governo possa fazer e tenha de fazer, no fim é sobre a fé e a determinação do povo americano que esta nação se apoia. É a gentileza de abrigar um estranho quando as barragens se rompem, é o desprendimento dos trabalhadores que preferem um corte em suas horas trabalhadas a ver um amigo perder o emprego que nos observa em nossas horas mais difíceis. É a coragem do bombeiro de subir uma escadaria cheia de fumaça, mas também a disposição dos pais em nutrir um filho que no fim decide nosso destino.
Nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que nos deparamos podem ser novos. Mas aqueles valores sobre os quais nosso sucesso depende –trabalho duro e honestidade, coragem e justiça, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo–, essas coisas são antigas. essas coisas são verdadeiras. Elas têm sido a força silenciosa do progresso ao longo de nossa história. O que se exige, então, é um retorno a essas verdades. O que se pede a nós agora é uma nova era de responsabilidade –um reconhecimento, por parte de cada americano, de que temos deveres para conosco, nosso país e o mundo; deveres que não aceitamos com rancor, mas que recebemos com gratidão, firmes na certeza de que não há nada tão satisfatório para nosso espírito, nada tão definidor de nosso caráter que entregarmos tudo de nós mesmos a uma tarefa difícil.
Esse é o preço e a promessa da cidadania.
crédito: transplanted mountaineer
Essa é a fonte de nossa confiança –a certeza de que Deus nos chama para dar forma um destino incerto.
Esse é o sentido de nossa liberdade e de nossa crença –o por que cada homem e mulher e criança de cada raça e cada crença pode se juntar em celebração nesta magnífica avenida, e o por que um homem, cujo pai há menos de 60 anos podia não ser servido em um restaurante local, pode agora estar diante de vocês para fazer o juramento mais sagrado.
Vamos marcar esse dia com a lembrança de quem somos e quão longe chegamos. No ano do nascimento dos Estados Unidos, no mais frio dos meses, um pequeno bando de patriotas se junto ao redor de fracas fogueiras à beira de um rio gelado. A capital foi abandonada. O inimigo estava avançando. A neve estava manchada de sangue. Em um momento em que o resultado da revolução estava em dúvida, o pai de nossa nação ordenou que essas palavras fossem lidas ao povo:
Que isso seja dito ao mundo futuro (…) que nas profundezas do inverno, quando nada além da esperança e da virtude poderiam sobreviver (…) que a cidade e o país, alarmados por um perigo comum, avancem para enfrentar.
Estados Unidos. Diante de nossos perigos em comum, neste inverno de dificuldades, vamos lembrar essas palavras imemoriais. Com esperança e virtude, vamos enfrentar mais uma vez as correntes geladas, e as tempestades que podem vir. Que os filhos de nossos filhos digam que quando fomos testados, nos recusamos a deixar essa jornada acabar, que não recuamos, nem que hesitamos; e com olhos fixos no horizonte e com a graça de Deus sobre nós, levamos adiante nossa liberdade e a entregamos em segurança para as gerações futuras.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

FAMILIA


Dentre todos os conceitos originalmente puros que a humanidade como um todo torceu ao longo de sua milenar decadência espiritual, talvez nenhum outro tenha sido mais vilipendiado, mais achincalhado do que o expresso na palavra amor.
Vamos começar pelo amor ao próximo.
No que se transformou hoje esse sentimento que é condição necessária e suficiente para o modo correto de vida?
Virou, em face da vida vivida, sinônimo de apatia, de fraqueza e de moleza, de condescendência imprópria, confortável, para com os erros e falhas dos semelhantes sendo, pois, o que se pode pensar de tão quase que inacreditável caso.
O amor ao próximo é hoje um amor complacente, falso, que com palavras doces anestesia, sim, temporariamente a dor daquele que errou, mas o impede de reconhecer a causa do sofrimento, o que infalivelmente força a repetição futura desse mesmo sofrimento.
Um amor, quando sem pretensão proporciona, sim, um alívio, mas, ao preço da infelicidade anteriormente vivida que magnanimamente deixou de distribuir esmolas aos carentes deste amor sem, contudo, lhe subtrair o tesouro da dignidade.
Falamos de um amor que enxuga, sim, prontamente as lágrimas do sofredor, não apenas para que este possa divisar mais nitidamente o sorriso beatificado a emoldurar o semblante compadecido de seu amoroso consolador como, também, para que tenha forças para viver.
Tem-se, pois, que amor ao próximo não pode ser isso tão somente uma vez que amor, amor verdadeiro ao próximo é dar a ele, antes de tudo, aquilo que lhe é útil, independentemente se isso lhe causa ou não alguma alegria efêmera.
É mostrar de forma clara, até mesmo contundente, os erros cometidos, os quais sempre retornam ao gerador na forma de sofrimento contínuo.
É dar apoio irrestrito, sólido, a quem realmente se esforça em suplantar suas fraquezas; é ampará-lo na travessia do árduo caminho do reconhecimento do erro, mesmo que seja entre soluços e lágrimas de ambos.
Isso não quer dizer que aquele que da pode se redimir do erro dando como, da mesma forma, a mãe que nega a maternidade pode estar confinada ao amargo saber de sua incapacidade de amar, de sua capacidade de em não ser nada mais do que semelhante ao ser humano.
Unicamente o reconhecimento pessoal da atuação errada, implacável e abrangente, é capaz de fazer alguém mudar de modo radical a sua sintonização interior. E tão-somente a voluntária mudança dessa sintonização pode interromper de vez o ciclo aparentemente sem fim do sofrimento intermitente.
Agora, quando alguém se vê desprovido deste amor; não do amor da Vênus Pandomônia, mas, sim do amor oriundo da energia de Eros, que faz referência a tudo o que pode sintetizar-se como amor, incluindo o amor a si mesmo, aos pais, aos filhos, à humanidade, ao saber e aos objetos abstratos.
Nele convergem pulsões parciais de ternura, ciúme, inveja e desejos sexuais orientados para os mesmos objetos. O amor é, assim, apresentado – segundo Freud – como uma ampliação do conceito de sexualidade e ao mesmo tempo ancorado na inadequação radical dos objetos à satisfação sexual, vinculada a um fator de desprazer inerente à sexualidade humana [1] e, ao mesmo tempo, de acordo com o tempo em que o ser humano vive neste plano está ancorado na necessidade de se ter, de doar, de em fim, de também ser amado ou, amada.
[1] Valdivia, “ A Linguagem Interminável dos amores”.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Amigos


Interessante é pensar que temos amigos. Quando pequeno o ser humano se volta, exclusivamente, para o "ter" e, com o passar dos anos este ter passa de uma simples vontade de encontrar para uma necessidade. Necessidade de ser salvo pelo amigo, de confidenciar com o amigo e, sobretudo, de saber que além do mais se pode contar, algum dia, com o amigo. A verdade é bem outra como, diga-se de passagem, a vida quando crescemos é bem outra. Primeiro porque o amigo, e não vai aqui nenhuma censura, deixa-nos sempre na mão e, no muito serve agora, depois que crescemos, para nos ouvir, para dizer que com ele se pode contar e, quando contamos sempre aparece a frase: - prometi a mim mesmo que não faço isso nem para meu irmão ou, aquela outra, minha esposa não concorda e não quero me indispor com ela. Bem, a verdade é que os amigos de hoje estão mais interessados na propria vida no que dispor de alguns momentos e, o que adianta termos alguem somente para nos ouvir se, na hora do tiro ninguem aparece para entrar na frente da bala ou, na hora da briga ninguem aparece para dar conosco um belo murro no adversário. Conversar por conversar conversamos conosco diante do espelho e, penso eu, dará mais resultado eis que não teremos o risco de sermos decepcionados. Agora, aprendi com meus erros que vale a pena ter um ou dois amigos - prefiro dois pois um pode morrer - mas, so não compreendo como não sou ouvido, muito embora as vezes eles até me escutam, o que é diferente. Não importa. Importa sim que diante de minhas necessidade, ou melhor, diante da necessidade do ser humano de viver em grupo sempre procuramos um motivo para estarmos juntos de alguem, nem que seja para nos decepcionar mais tarde e, acontecendo isso, diremos que faz parte da vida. Somos humanos. Assim, não poderia deixar de escrever que sou uma pessoa de muita sorte uma vez que meus amigos sempre estiveram ao meu lado e, para conservar esta amizade chego até a mentir. Acreditem.