quarta-feira, 27 de julho de 2016




O BOTECO

Até pensei em escrever sobre o boteco. Ensaiei, meditei e, até tracei algumas ousadas linhas, mas, navegando encontrei mesmo o que eu quero retratar e, aqui vai sem o mínimo pudor. 
O boteco é mais que seu visual, com azulejos de cores fortes, com o santo protetor na parede, geralmente um Santo Antônio com o Menino Jesus, o símbolo do time de estimação e as propagandas coloridas de bebidas.
 O boteco é um estado de espírito, o lugar do encontro com os amigos e os vizinhos, da conversa fiada, da discussão sobre o último jogo de futebol, dos comentários da novela preferida, da crítica aos políticos e dos palavrões bem merecidos contra os corruptos.
Todos logo se enturmam num espírito comunitário em estado nascente. Aqui ninguém é rico ou pobre. É simplesmente gente que se expressa como gente, usando a gíria popular. Há muito humor, piadas e bravatas. Às vezes, como em Minas, se improvisa até uma cantoria que alguém acompanha ao violão.
Ninguém repara nas condições gerais do balcão ou das mesinhas. O importante é que o copo esteja bem lavado e sem gordura senão estraga o colarinho cremoso do chope que deve ter uns três dedos. Ninguém se incomoda com o chão e o estado do banheiro.
Os nomes dos botecos são os mais diversos, dependendo da região do pais. Pode ser a Adega da Velha, o Bar do Sacha, o boteco do Seo Gomes, o Bar do Giba, o Botequim do Jóia, o Pavão Azul, a Confraria do Bode Cheiroso, a Casa Cheia e outros. Belo Horizonte é a cidade que mais botecos possui, realizando até, cada ano, um concurso da melhor comida de boteco.
Os pratos também são variados, geralmente, elaborados a partir de receitas caseiras e regionais: a carne de sol do Nordeste, a carne de porco e o tutu de Minas. Os nomes são ingeniosos: ” mexidoido chapado”, “porconóbis de sabugosa”, “costela de Adão” (costelinha de porco com mandioca), “torresminho de barriga”.
Há um prato que aprecio sobremaneira, oferecido no Mercado Central de Belo Horizonte e que foi premiado num dos concursos: ”bife de fígado acebolado com jiló”. Se depender de mim, este prato deverá constar no menu do banquete do Reino dos céus que o Pai celeste vai oferecer aos benaventurados.
Se bem repararmos, o boteco desempenha uma função cidadã: dá aos frequentadores, especialmente aos mais assíduos, o sentimento de pertença à cidade ou ao bairro. Não havendo outros lugares de entretenimento e de lazer, permite que as pessoas se encontrem, esqueçam seu status social e vivam uma igualdade, geralmente, negada no cotidiano.
Para mim o boteco é uma metáfora da comensalidade sonhada por Jesus, lugar onde todos podem sentar à mesa e celebrar o convívio fraterno e fazer do comer, uma comunhão. E para mim, é o lugar onde posso comer sem má consciência.
Dedico este texto ao cartunista e amigo Jaguar que aprecia botecos.
 by Leonardo Boff que é teólogo e filósofo



segunda-feira, 25 de julho de 2016

DO CASAMENTO
DO CASAMENTO AO DIVÓRCIO.



                        Nada mais lindo que um casamento entre duas pessoas que, por amor buscam conciliar suas vidas a fim de construir uma família. O casamento é a base da sociedade moderna, de onde os filhos retiram os valores e princípios que vão direcionar todas sua existência.

                        São os país os únicos responsáveis por educar os filhos e, torná-los seres humanos dignos de conviverem em sociedade; restando à escola o simples papel de transmissor de conhecimento técnico e cientifico. É no seio da família onde os jovens adquirem exemplos do que devem ou não fazer. Do que é certo ou errado. Moral e imoral

                        Mas, infelizmente, apesar de todos os casamentos começarem como contos de fada, as estatísticas mostram que muitos acabam por se tornarem historias de terror.

                        Em 2015 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou relatório onde, através de uma analise das estatísticas do Registro Civil de 2014, percebeu-se um aumento de 51,%  no numero de casamentos em relação a 2013.

                        Esses 5,1% representam 1,1 milhões de casamentos a mais do que no ano de 2013, numero considerável até mesmo para um país tão populoso quanto o Brasil.

Porém notou-se também um aumento quase da mesma proporção do numero de divórcios, que chegaram a aumentar em 5%.

                        O que se observou neste contexto é que a partir de 2010 com a flexibilização do divorcio que não mais exigia uma separação previa do casal e, a chamada separação de fato, aumentou-se significativamente o ajuizamento de ações de divorcio bem como o numero de novos casamentos.

                        Outro fato interessante é que, o que já é tendência nos países mais desenvolvidos e,  começa a se manifestar no Brasil é um aumento na idade daqueles que buscam contrair núpcias.  A idade média dos homens na data do casamento passou de 27 para 30 anos e a das mulheres, de 23 para 27, em uma comparação dos anos compreendidos entre 1974 e 2014.

                        O número de casamentos entre pessoas do mesmo sexo também explodiu, registrando uma alta de 31,2% entre 2013 e 2014. Foram 1.153 uniões homoafetivas a mais, num total de 4.854 – 50,3% entre cônjuges do sexo feminino e 49,7%, do masculino.

                        O crescimento dos registros de uniões homoafetivas se deu na esteira da aprovação, pelo Conselho Nacional de Justiça, em maio de 2013, da resolução que obriga os cartórios a celebrar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a converter a união estável homoafetiva em casamento.

                        Dois anos antes, o Supremo Tribunal Federal já havia equiparado a união homossexual à heterossexual. Os casamentos gays representaram 0,4% do total de 1,1 milhões de casamentos no Brasil em 2014.

                        Sendo assim o divorcio vem sendo motivo de grande preocupação para aqueles que se encontram diante do fim de uma união, pois se no casamento tudo é expectativa e alegria, nos divórcios o que se vê normalmente é angustia e tristeza.

                        As complicações advindas de um divorcio, residem basicamente na partilha dos bens, guarda e alimentos dos filhos, por isso é importante, até mesmo mais importante do que a decisão de se separar, escolher bons profissionais que representem os interesses para os quais são contratados.

                        Todos já ouviram historias sobre o marido que deixou a esposa sem nada ou da esposa que limpou o marido. Mas muitas das vezes, se não a maioria destas, essas historias são creditas às pessoas erradas, pois não são as partes e sim quem os representa, no caso o Advogado, é quem detêm a capacidade de proporcionar ao cliente, tudo aquilo que a lei lhe permite.

                        Um profissional integro, atualizado e com uma visão processual conciliatória é indispensável para um divorcio mais harmonioso, lembrando sempre que o respeito e a consideração não devem se extinguir com o fim da união. 

By Ernani R. Spagnuolo Souza


segunda-feira, 18 de julho de 2016


O tempo, de forma inexorável, passa tão rapidamente que quando acordamos, estamos lá com a idade avançada e, passamos a perguntar a nós mesmos quantos amigos já enterramos, quantas coisas deixamos de fazer e, quantas coisas não conseguiremos realizar ou ter. Incrível como o tempo passa rápido quando olhamos ao nosso redor e, nos deparamos com a ausência de nossos antigos amigos, do amor que sonhamos ter, das coisas, objetos, que procuramos guardar e, com o tempo, se perderam em caixas que não sabemos onde colocamos. Tudo passa, dirão alguns, mas, não deveria ser assim. Deveríamos viver uma eternidade, não de dores ou de doenças ou, qualquer outra mazela. Deveríamos viver sobre aquilos que construímos e, que tivesse relação com o bem. Todavia, a humanidade é mais cruel do que o tempo e, o querer, o ser e o ter são verbos que afastam o ser humano de sua essência divina. Daí, nos encontramos não com o nosso eu maior, mas, com aquilo que a contingencia do dia a dia nos impõe. Espero, todavia, que  os dias que me restam sejam de paz onde, exclusivamente, eu possa levar até meu próximo esta mesma paz.