A ciência e a religião
não estão em desacordo
É que a ciência
ainda é muito jovem para compreender
Para entender que os grandes feitos e as grandes mudanças da humanidade
acontecem em decorrência de uma serie de acontecimentos, é necessário começar
pelo fim.
Pois só depois
de encerrado a grande obra divina é que poderemos vislumbrar seu resultado das
escolhas feitas pelos homens.
Entende-se como
obra divina tanto as grandes mudanças sofridas pela humanidade (cataclismos,
guerras, pestes, mudanças de pensamento e conduta) quanto o inicio e o final de
cada dia (o nascer e o por do sol).
Sendo assim
Sócrates morreu.
Morreu deixando
a certeza que muitas das vezes não contemplamos nessa vida a diferença ou a
importância que tivemos, pois morreu sem saber que varias gerações o teriam
como fonte de inspiração, que fariam de seus escritos bases para formação de
novos pensadores. Morreu em duvida, sem saber se a morte era melhor que a vida.
Porem morreu acreditando em Deus e em seus desígnios.
Como homem de
bem que foi, um sábio, talvez o mais sábio entre os sábios, Sócrates tinha a
certeza que nada sabia, e pelo fato disso saber é o que mesmo se tornou sábio.
Foi essa a causa
de seu julgamento. Isso foi o que o levou a morte.
Ter a certeza
que de apesar de muito saber, ainda assim existia muito que aprender. Foi sua
indignação perante aqueles que se dizem sábios que o levou a morte. Pois não
existe homem de bem que não se indigne frente a aqueles que se acham como
legítimos detentores do saber, sem no entanto, compreender que por mais que se
viva mil vidas, nunca será suficiente a aquisição de conhecimentos. Mesmo
porque um sábio não é o que é, pelas coisas que sabe estar escrita em livros.
Um sábio assim o é, por compreender a natureza divina do homem e através de uma
vida buscar o encontro com a divindade. Portar-se não de acordo com regras
pré-estabelecidas e muitas vezes ultrapassadas da sociedade, mas sim com as
regras do coração.
Pois é dos homens a escolha entre o bem
e o mal, é livre a escolha do lado em que irão se postar frente à batalha. A
batalha diária, que acontece dia após dia, lua após lua. É escolha do homem o
lado que comandará seu coração, se viverá pela luz ou pelas trevas.
Sócrates conscientemente escolheu
tornar-se um mensageiro da luz, buscando trazer à humanidade a voz da razão, a
verdade absoluta de que todos os homens são iguais, que o que os diferem são as
escolhas. Porque viver na ignorância é uma escolha, acusar um individuo por
medo de que suas palavras mudem os homens.
O caminho escolhido o levou ao tribunal,
frente a acusadores que acreditavam que condenando-o a morte estariam
afligindo-lhe mal. Mas mal sabiam eles que as crenças do acusado eram puras.
Acreditava em não saber se a morte era o fim ou o começo da vida, mas tinha a
certeza de que se fosse o começo poderia morrer mil vezes que ainda se acharia
satisfeito.
Provavelmente não morrera sorrindo pois
nem mesmo o mais bravo dos homens assim o faz, mas morreu em paz, consigo e com
seus semelhantes. Morreu em desacordo com as leis do homem mas de acordo com
seu coração.
Morreu
sorrindo.
Creio
eu.