segunda-feira, 5 de julho de 2010

A RELIGIÃO É A AUTOCONSCIÊNCIA E O AUTOSENTIMENTO DO HOMEM QUE AINDA NÃO SE ENCONTROU

Existem coisas que acontecem que, realmente, não sei como acontecem. Na verdade, o dia a dia apressado em que vivemos nós leva a deixar de lado momentos importantes sendo que, se vivéssemos em contemplação poderíamos notar o brilho que existe além das coisas que nós cercam. Provavelmente seja este o estigma da espécie humana. Viver somente através da procura deixando de lado o interior. Existem, todavia, aqueles seres - que chamamos de iluminados por falta de definição melhor - que passam por esta vida sem se importarem com o acaso, com a cupidez, com o ter, o ser, o poder ou o querer. Miramos portanto, em tais seres a fim de compensarmos a mazela que é nossa vida e, procuramos na religião o conforto. Karl Marx disse: A religião não faz o homem, mas, ao contrário, o homem faz a religião: este é o fundamento da crítica irreligiosa. A religião é a autoconsciência e o autosentimento do homem que ainda não se encontrou ou que já se perdeu. Mas o homem não é um ser abstrato, isolado do mundo. O homem é o mundo dos homens, o Estado, a sociedade. Este Estado, esta sociedade, engendram a religião, criam uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. A religião é a teoria geral deste mundo, seu compêndio enciclopédico, sua lógica popular, sua dignidade espiritualista, seu entusiasmo, sua sanção moral, seu complemento solene, sua razão geral de consolo e de justificação. É a realização fantástica da essência humana por que a essência humana carece de realidade concreta. Por conseguinte, a luta contra a religião é, indiretamente, a luta contra aquele mundo que tem na religião seu aroma espiritual.
A miséria religiosa é, de um lado, a expressão da miséria real e, de outro, o protesto contra ela. A religião
é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente
de espirito. É o ópio do povo.
A verdadeira felicidade do povo implica que a religião seja suprimida, enquanto felicidade ilusória do povo. A exigência de abandonar as ilusões sobre sua condição é a exigência de abandonar uma condição que necessita de ilusões. Por conseguinte, a crítica da religião é o germe da critica do vale de lágrimas que a religião envolve numa auréola de santidade.
A crítica arrancou as flores imaginárias que enfeitavam as cadeias, não para que o homem use as cadeias
sem qualquer fantasia ou consolação, mas para que se liberte das cadeias e apanhe a flor viva. A crítica da
religião desengana o homem para que este pense, aja e organize sua realidade como um homem desenganado que recobrou a razão a fim de girar em torno de si mesmo e, portanto, de seu verdadeiro sol.
A religião é apenas um sol fictício que se desloca em torno do homem enquanto este não se move em
torno de si mesmo. Certo?