sexta-feira, 6 de abril de 2007

Agora somos três

Com o tempo, insensível tempo, a vida me levou a deixar para trás certas coisas que nunca gostaria de perder e, assim, o tempo vai passando. Quando ainda no tempo onde tudo era o que iria fazer hoje, pouco ou quase nada pensava e convivia com pessoas que me eram caras e, como era de ser, pouco valor dava àqueles momentos. Na medida em que corria o ponteiro da vida perdia um amigo, um parente; um vizinho e, a dor era grande, mas, não o bastante para anestesiar. Com o passamento, então, de meu pai o tempo não parou sendo que, tão somente, uma brecha abriu em minha vida onde pude ver o que se passava em meu interior. A roupagem de festa deixou escapar a negritude de sentimentos dolorosos e, mais tarde, minha mãe também se foi. Pensando estar preparado voltei a ver a ferida antes aberta a qual, durante muito tempo, conservei como parte de minha vida. Doía, mas, suportava. Em seguida nos deixou também um tio, irmão de minha mãe e agora, recentemente, uma outra tia, minha madrinha. Restamos, então, tão somente três membros da familia Spagnuolo que, por sua vez, formam a quarta geração. A dor caminha, pois, não mais em mim e sim junto comigo. Antes, como falei quando meus entes queridos partiam desta vida é verdade que sentia muito e, agora, quando deparo com o inevitável fim nesta vida tendo a certeza de que também estarei partindo fica a vontade de, tão somente, fazer o bem, de salvar a humanidade de si mesma, de salvar as florestas, os rios, o mundo todo. Me entristeço mais quando vejo uma árvore cortada, um rio acabado, uma rua suja e, alguem lavando o passeio. Entristeço, mas, amadurecido pela intemperie levo a vida ou procurando, cada dia, melhorar meus sentimentos e, sobretudo, procurar dar a mão a quem precisa de uma mão, um sorriso para quem precisa de um sorriso. Assim, levo agora a vida com muita saudade.