quarta-feira, 30 de junho de 2010

SER ADVOGADO

É buscando inspiração nas palavras de Rui Barbosa que abro esta reflexão: “na missão do advogado também se desenvolve uma espécie de magistratura. As duas se entrelaçam, diversas nas funções, mas idênticas no objeto e na resultante: a justiça. Com o advogado, justiça militante. Justiça impetrante, no magistrado” (Obras Completas de Rui Barbosa, v. 48, t. 2, 1921. p. npb).

Quando sou indagado sobre a minha profissão – advogado – no primeiro momento penso em dizer que ser advogado é estar relegado à eterna busca como, diga-se de passagem, vive o lobo Alfa, chefe de uma matilha, que todos os dias larga seu bando e sai à busca de uma caça a fim de alimentar os filhos e os demais membros da matilha.

Não esquece ele de suas responsabilidades para com a segurança do grupo e a interatividade que deve existir entre todos, sem deixar de lado a preocupação de que saindo pode não voltar.

O mesmo acontece comigo.

Todos os dias, sem receber um salário fixo, vejo-me na condição de sair todos os dias a fim de buscar o quantum necessário para prover as necessidades de meus entes queridos e, sobretudo, a minha.

No decorrer do dia, no mister de minha profissão, deparo-me com pessoas em sua maioria de índole boa, mas, ao mesmo tempo encontro aqueles com sérios desvios de conduta e de personalidade que me obrigam a estabelecer uma linha separando estes indivíduos, seus sentimentos e pretensões, de minha vida.

Torna-se, então, difícil manter o equilíbrio e, neste ínterim me vejo sozinho sem ninguém que possa oferecer o ombro amigo ou, diga-se de passagem, sorver as lágrimas que brotam de minha alma amargurada.

Os parâmetros que estabeleço entre a profissão e minha vida são diferentes, muito embora um esteja ligado à outra em face do fato de que ser advogado é minha vida, muito embora minha vida não é ser advogado.

No segundo momento, ainda quando indagado sobre o que vem a ser advogado, penso nos concursos e penso em fazer com que os jovens que buscam a profissão se sintam desanimados o bastante para, largando o exercício do múnus, ingressem em carreiras promissoras no Estado ou na União, através de concursos.

 Pode ser o melhor caminho, mas, ao mesmo tempo não me vejo na condição moral de desanimar ninguém sendo, na verdade, um fato absoluto que ser bacharel em direito é um caminho onde existem várias portas.

Na verdade, acredito eu, a diferença do bacharel em direito do advogado reside na capacidade e na possibilidade que o segundo tem de fazer o bem sempre em maiores proporções do que o primeiro.

Quando isso acontece um cordão liga o advogado aos céus e os anjos denominam tais indivíduos de Advogados de Deus que são colocados neste plano para levarem as pretensões, os anseios e as necessidades daqueles que realmente precisam àqueles que podem decidir com Justiça.

Penso, então, que não posso desanimar nenhum jovem de fazer a empreitada eis que muito embora exista uma concorrência desleal onde advogados se vendem às custas de pequenas quantias, existe a certeza de que advogar é exercitar o caráter, a moral e os bons sentimentos.

Com isso, com estas palavras, externo meus sentimentos esperando que elas não sirvam de norte, mas, sim de um prefácio para que o jovem possa, por si próprio, descobrir qual a razão pela qual se encontra neste plano sendo, como deveria ser, um advogado.

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